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INSTITUTO BUZIOS INFORME_238 JANEIRO 2025
MÍDIA NEGRA E FEMINISTA
ANO XX – EDIÇÃO Nº238 – JANEIRO 2024
Clóvis Moura – centenário de um intelectual negro
Por Petrônio Domingues – A obra de Clóvis Moura é um registro original da agência negra na história do Brasil, questionando os postulados da historiografia e sociologia tradicionais. Clóvis Steiger de Assis Moura foi um intelectual negro sui generis. Ao longo da vida, dedicou-se a diversas atividades como jornalista, poeta, historiador, sociólogo e pensador marxista. Clóvis Moura nasceu em Amarante, município do estado do Piauí, em 10 de junho de 1925. Portanto, neste ano de 2025, completa-se o centenário de seu nascimento. Em virtude da importância desse intelectual para o pensamento social brasileiro, vários eventos e atividades em homenagem a ele estão previstos para ocorrer ao longo do ano, dos quais destaco as publicações (duas coletâneas serão editadas, inclusive o autor deste artigo está na organização de uma dessas coletâneas), uma exposição virtual, que pretende recontar aspectos da sua biografia e da sua produção intelectual e militância política; e um seminário de estudo e formação, cujo intuito é reunir especialistas na sua obra e no seu pensamento. Leia o artigo na íntegra. Fonte: A Terra é Redonda.
A reaparição dos invisíveis
Por Helena Wendel Abramo e André Sobrinho – O trabalho assalariado não acabou — e ocupa quatro vezes mais jovens que o “empreendedorismo”. Atingidos pelos retrocessos trabalhistas, eles foram esquecidos também por parte esquerda. O VAT mostrou sua força. Logo depois das eleições municipais de 2024, no calor dos debates sobre a dificuldade de candidatos e partidos à esquerda dialogarem com “as periferias” e as “classes populares”, um acontecimento chamou a atenção da mídia e do cenário político: a emergência de um movimento reivindicando o fim da escala 6X1. Chamado VAT, acrônimo de “Vida Além do Trabalho”, o movimento traz como principal bandeira o fim do regime semanal de seis dias de trabalho para um de descanso e afirma a necessidade de limitar a jornada de trabalho para que haja tempo para o lazer, a convivência com a família e amigos, os estudos e os cuidados com a saúde. Ou seja, para usufruir da vida. Tudo nesse movimento parece inusitado e improvável, porque desvela atores invisíveis, e põe em cena agendas decretadas como desatualizadas, lutas consideradas perdidas, identidades que algumas análises acadêmicas interpretam como não tendo mais apelo. E, sobretudo, contraria várias narrativas correntes a respeito das posições dos jovens no mundo do trabalho, das suas experiências, queixas e demandas, do que os toca e mobiliza. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Outras Palavras.
Meta: Liberdade de expressão ou permissão para o ódio?
Por Silvia Nascimento – Com discurso alinhado à extrema direita, dono da Meta (que detém Instagram, Facebook, Threads e WhatsApp), confirma apoio a Donald Trump, assume copiar Elon Musk e incentiva discursos racistas. Um dia muito triste para pessoas negras e demais grupos minorizados que produzem conteúdo para as redes da Meta. Se antes a incompetência na moderação ou remoção de conteúdos de ódio era uma sensação, agora ela foi institucionalizada. Em declarações à imprensa em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, Donald Trump expressou sua satisfação com a decisão da Meta, e quando questionado se ele acreditava que o anúncio teria sido uma resposta às suas ameaças a Zuckerberg, respondeu: “Provavelmente, sim”. Além do fim da parceria com checadores de fatos, o anúncio realizado pelo CEO da Meta, Mark Zuckerberg, na terça-feira (7/01) indica também que a empresa atuará de modo mais veemente contra iniciativas de regulação das plataformas globalmente. No Brasil, está em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento que analisa a constitucionalidade do artigo 19 da lei do marco civil da internet, que isenta as plataformas de responsabilidade por conteúdos de terceiros. A tendência é de que a Corte revise essa regra. O Ministério Público Federal (MPF) anunciou que vai oficiar a Meta, empresa proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp, para esclarecer se as novas diretrizes apresentadas por Mark Zuckerberg nesta terça-feira (7) serão implementadas no Brasil. Leia a matéria completa. Fonte: Mundo Negro, Diário do Centro do Mundo, Brasil 247 e agências de notícias.
No Brasil de hoje, instituições funcionam melhor do que as dos EUA
Por Cezar Xavier – O professor Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, trouxe em sua última coluna sobre Ética e Política, na Rádio USP, uma análise comparativa entre os sistemas políticos do Brasil e dos Estados Unidos. Apesar de o modelo institucional brasileiro ser inspirado no norte-americano, Janine argumenta que, no momento, o Brasil apresenta maior estabilidade democrática e respeito às instituições do que os EUA. Seu raciocínio parte do fato da legislação constitucional ter permitido que Donald Trump se candidatasse e ganhasse uma eleição presidencial, apesar de ser investigado em vários inquéritos graves e condenado em alguns. É previsto, inclusive, que ele possa se auto-anistiar das condenações agora que se tornou vitorioso. Ele ainda promete anistiar centenas de presos pela invasão, vandalismo e violência com mortes ocorrida no Capitólio em 6 de janeiro de 2021, numa série de atos golpistas estimulados por ele e seus aliados com objetivo de evitar a posse de Joe Biden. Leia a matéria completa. Fonte: Vermelho.
Desafios do Brasil para incluir as juventudes
Por Gabriel Medina – O reconhecimento da juventude como sujeito de direito é recente na história do país, com a inclusão do termo “jovem” na Constituição Brasileira em 2010. Hoje no Brasil temos aproximadamente 47 milhões de jovens entre 15 a 29 anos, o que representa quase um quarto da população. A maioria dos jovens vive nas regiões Sudeste e Nordeste, sendo que 85% vivem em áreas urbanas e apenas 15% em áreas rurais. Nas discussões realizadas sobre esse público, que se fortaleceram no início deste século, é comum que se use a expressão juventudes, no plural, para considerar as distintas características regionais do país e as diferentes formas de experimentação desta fase por questões relacionadas à raça e etnia, gênero, orientação sexual, condição social, pessoa com deficiência, fatores estes importantes para pensar políticas públicas adequadas e contextualizadas. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Nexo.
Um raro olhar sobre os anos de prisão de Malcolm X
Por Theodore Hamm – Resultado de uma exaustiva pesquisa e escrita de forma concisa, a nova biografia parcial de Malcolm X, de Patrick Parr, fornece a análise mais completa até agora dos anos que Malcolm passou na prisão. A sua evolução atrás das grades alterou dramaticamente sua vida e moldou o curso da sua política antirracista. O enredo já foi bem contado, primeiro por Malcolm (com Alex Haley), depois pelo cineasta Spike Lee e, mais recentemente, pelos biógrafos vencedores do Prémio Pulitzer, Manning Marable e Les e Tamara Payne. No entanto, ao focar apenas os primeiros anos da sua vida, o académico independente Patrick Parr acrescenta uma nova profundidade à nossa compreensão da ascensão de Malcolm das profundezas do sistema de justiça criminal para o cenário mundial. Malcolm Before X, de Parr, é uma importante contribuição à literatura sobre o nacionalismo negro e o sistema de justiça criminal dos EUA. Leia a resenha na íntegra. Fonte: Esquerda Net.
O que é capitalismo racial?
Por Petrônio Domingues – A expressão “capitalismo racial” surgiu na África do Sul, no contexto do regime do apartheid, durante a década de 1970. Seus ideólogos — os intelectuais marxistas Martin Legassick, David Hemson, Neville Alexander e Harold Wolpe — argumentavam que, naquele país, capital e raça estavam entrelaçados. A África do Sul seria uma sociedade capitalista e racista, baseada na segregação, espoliação e humilhação de pessoas negras. Enquanto os intelectuais liberais argumentavam que o apartheid era uma excrescência, um ponto fora da curva da virtuosa economia de mercado, os marxistas enfatizavam que o racismo era inerente ao sistema capitalista, razão pela qual ele sobreviveria ao fim da segregação, produzindo mais desigualdades e injustiças de raça e classe na África do Sul. Incrível como essas previsões, lidas 30 anos depois do término daquele regime de segregação racial, revelaram-se certeiras. O conceito foi apropriado pioneiramente nos Estados Unidos por Cedric Robinson, com a publicação do livro Black Marxism, de 1983. O conceito de Robinson tornou-se, assim, um mote para galvanizar a resistência antirracista. No entanto, no meio acadêmico, não é consensual. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Correio Braziliense.
Angola à beira de meio século de independência
Por Karina Marrón González – Agora em 2025, Angola prepara-se para um ano de especial significado, pois assinala meio século desde a conquista da sua independência nacional, a 11 de Novembro de 1975. O Governo e o partido no poder, o Movimento Popular para a Independência de Angola (MPLA), promoveram um calendário de celebrações com mais de 100 atividades a nível nacional, às quais se juntarão outras nas províncias e no estrangeiro. Sob o lema “Angola 50 Anos: preservar e valorizar as conquistas alcançadas, construir um futuro melhor”, prevê-se também que seja um período de reflexão sobre o caminho percorrido e os desafios para o futuro, algo a que o MPLA dedicou o seu VIII congresso extraordinário, realizado nos dias 16 e 17 de dezembro. Foi também um momento de modificação dos estatutos e renovação de duas das suas principais estruturas, o Bureau Político e a Secretaria, onde se destacou a mudança na vice-presidência da organização política, com a eleição de Mara Quiosa, ex-governadora de Cuanza Sur. Leia a matéria completa. Fonte: Prensa Latina.
A colonização da filosofia
Por Érico Andrade – A filosofia que não reconhece o terreno onde pisa corrobora o alcance colonial dos seus conceitos. Há um ano, Habermas, Forst, Nicole Deitelhoff, e o jurista Kalus Günther escreveram uma carta pública em 13 de novembro de 2023 na qual defendiam princípios gerais inquestionáveis, como a solidariedade com o povo judeu em Israel e na Alemanha. Nesta mesma carta sustentam o direito de Israel de contra atacar o Hamas, levando em consideração o que chamaram de princípios orientadores conforme os quais se deve observar “os princípios da proporcionalidade, de evitar vítimas civis e de travar uma guerra com a perspectiva de uma paz futura”. O que gostaria de sublinhar um ano depois da publicação do texto é algo que atravessa parte da filosofia europeia. Meu ponto é que a aposta em certa dimensão processualista, presente na noção de “princípios orientadores” mostra não apenas uma falta de percepção de materialidade das questões geopolíticas por parte de Jürgen Habermas e companhia. Isso poderia ser tomado apenas como uma espécie de déficit sociológico de algumas teorias como a habermasiana se não houvesse nisso algo mais grave que consiste no fato de que as referidas teorias na melhor das hipóteses são coniventes com o colonialismo, quando não sustentam indiretamente as ações coloniais. Leia o artigo na íntegra. Fonte: A Terra é Redonda.
EXPEDIENTE
MÍDIA NEGRA E FEMINISTA
Boletim Eletrônico Nacional
Periodicidade: Mensal
EDITOR
Valdisio Fernandes
EQUIPE
Allan Oliveira, Aline Almeida, Ana Santos, Atillas Lopes, Ciro Fernandes, Davino Nascimento, Denilson Oliveira, Enoque Matos, Flávio Passos, Glauber Santos, Guilherme Silva, Graça Terra Nova, Keu Sousa, Jeane Andrade, Josy Andrade, Josy Azeviche, Leila Xavier, Luan Thambo, Lúcia Vasconcelos, Luciene Lacerda, Lucinea Gomes de Jesus, Luiz Fernandes, Marcele do Valle, Marcos Mendes, Mariana Reis, Mônica Lins, Patricia Jesus, Ronaldo Oliveira, Roselir Baptista, Silvanei Oliveira, Tamiris Rizzo.