Boletim Mensal do Instituto Búzios – Mídia Negra e Feminista

 

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INSTITUTO BUZIOS INFORME_236 NOVEMBRO 2024

MÍDIA NEGRA E FEMINISTA

ANO XX – EDIÇÃO Nº236 – NOVEMBRO 2024

Democracia ou oligarquia? Desigualdade nas eleições dos EUA tem origem escravista

Os resultados oficiais da disputa pela Casa Branca ainda não foram divulgados, mas uma projeção dos meios de comunicação mostra que Trump venceu o pleito contra a democrata Kamala Harris. Autoproclamados campeões da democracia, os Estados Unidos estão realizando sua 60ª eleição presidencial. Diferentemente do Brasil, por lá os cidadãos não votam diretamente em seu candidato e, muitas vezes, quem recebe mais votos não vence. Estranho, o mecanismo criado para manter uma oligarquia no poder, é uma herança do período escravagista e provoca distorções significativas entre a vontade popular e os resultados finais nas eleições, afirmam analistas à Sputnik Brasil. Os Estados Unidos contam com um sistema de voto indireto. Ou seja, o norte-americano na verdade não vota em seu candidato, mas sim para tentar influenciar como o colégio eleitoral, grupo de delegados selecionados pelo partido, vai agir. Cerca de 400 famílias nos Estados Unidos são responsáveis por mais de metade dos gastos com as campanhas eleitorais. Essas famílias decidem quem vai ser eleito ou quem não vai ser.”Nesse contexto, todo o sistema eleitoral norte-americano, desde o colégio eleitoral desenhado no período escravista à divisão do poder majoritário entre dois partidos, é orquestrado para insular essas elites oligárquicas das pressões sociais, “porque é mais uma instância que os partidos políticos têm de mediação diante da vontade popular”, esclareceu Martins.Leia a matéria completa. Fonte: Sputnik Brasil e Expresso.

Woke gera batalha cultural e política nos EUA

Neste ano, antes das eleições dos EUA em novembro, “woke” e alguns outros termos têm tido uma forte presença no debate online e, de acordo com especialistas, podem influenciar significativamente os eleitores. O uso do termo “woke” surgiu na comunidade afro-americana. Originalmente, ele queria dizer “estar alerta para a injustiça racial”. “Muitas pessoas acreditam que quem o cunhou foi (o romancista) William Melvin Kelley (1937-2017)”, afirma Elijah Watson, editor de notícias e cultura do website de música norte-americana Okayplayer e autor de uma série de artigos sobre a origem do termo “woke”. Em 1962, Kelley publicou um artigo no jornal The New York Times com o título If You’re Woke, You Dig it (“Se você estiver acordado, entenderá”, em tradução livre), segundo Watson. O termo ressurgiu na última década com o movimento Black Lives Matter, criado para denunciar a brutalidade policial contra as pessoas afrodescendentes. Mas, desta vez, seu uso se espalhou para além da comunidade negra e passou a ser empregado com significado mais amplo. Até que, em 2017, o dicionário inglês Oxford acrescentou este novo significado de woke, definido como: “estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo“. Leia a matéria completa. Fonte: BBC Brasil.

Uma Universidade que não sirva apenas à elite

Por Ícaro Jorge da Silva Santana – Neste último período, fui interpelado por duas notícias que tratam do seu conteúdo sobre a função da Universidade. A primeira é a criação da UATX que seria uma universidade Anti – Wake, ou seja, um projeto de universidade que não fosse pautado pela discussão crítica social, crítica feminista ou crítica negra. A segunda é sobre o lançamento do documentário do Brasil Paralelo intitulado UNITOPIA. Tomando como ponto de partida esses acontecimentos, vislumbro tratar sobre o papel da Universidade e o medo da elite acerca da sua democratização. Inicialmente, convém tratar a Universidade como uma instituição histórica que possui uma função social, política e econômica. Compreender a instituição universitária e suas vicissitudes delineia um caminho interpretativo acerca dos porquês da sua existência. Esses porquês são elaborados a partir de projetos em disputa que são forjados a depender do tempo histórico, da geopolítica e da realidade social. O que afirmo a partir dessa posição é que a instituição universitária não se constitui a partir de uma perspectiva neutra. Sobre o Brasil, por exemplo, como aponta Schwarcz (1993) ao tratar das instituições, a própria ideia de ciência esteve diretamente ligada à política e à sociedade no período colonial. O saber científico brasileiro da época era influenciado, sobretudo, pela importação de construções teóricas de outros países. Ou seja, a universidade e a produção do saber estavam diretamente ligadas aos seus aspectos sociais, políticos e econômicos. É necessário o entendimento de que o acesso à educação foi interpelado por uma série de lutas e reivindicações históricas, afinal a sua universalização não foi pressuposta, foi conquistada. Até pouco tempo atrás, a universidade era apenas instrumento de uma elite econômica, política e social. A função da universidade era garantir a manutenção da estrutura social constituída, assim como o status quo instituído. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Le Monde Diplomatique Brasil.

O protagonismo diplomático indígena

Por Mariana Vick – Organizações do Brasil e de outros países da Amazônia lançam iniciativas para defender seus interesses e proteção do ambiente em que vivem. Na COP16, em Cali, na Colômbia, lançaram em 26/10/2024 duas iniciativas no contexto da Conferência da ONU sobre biodiversidade. A primeira foi o chamado G9 da Amazônia Indígena, coalizão para proteção da floresta nos nove países amazônicos. A segunda foi um manifesto que pede a participação indígena na presidência da COP30, que ocorre em Belém em 2025. Ambas as iniciativas, cada uma a seu modo, mostram as formas pelas quais o movimento indígena tem buscado mais protagonismo nos espaços diplomáticos. Antes dos anúncios de agora, a COP do clima de 2023 já havia sido a cúpula com a maior presença indígena da história. Para o movimento, é imprescindível participar das decisões sobre temas como clima e biodiversidade. Leia a matéria completa. Fonte: Nexo.

México: Cláudia Sheinbaum vai governar com as mulheres

Por Ana Prestes – Enquanto no Brasil parte dos analistas e dirigentes partidários coloca a culpa do mau desempenho da esquerda nas eleições municipais de 2024 no que chamam de “identitarismo”, México elege a primeira presidenta em 200 anos sob um programa de transformação profunda e a esquerda se consolida no poder. A força e a organização das mulheres mexicanas foi fundamental para a realização de uma Reforma Constitucional em 2019 que institucionalizou a participação equitativa de gênero nos espaços de poder e estabeleceu o que lá se chama “paridade em tudo”. A conquista foi coroada com a eleição de uma presidenta para o país, a engenheira de energia Cláudia Sheinbaum. A nova presidenta não desvincula sua chegada ao poder com o compromisso de dar seguimento à Quarta Transformação, agora em sua segunda etapa, sob seu comando. É isso que insistem em desqualificar aqueles que gostam de qualificar de “identitarismo” de forma pejorativa a luta das mulheres [e outros segmentos historicamente discriminados] por espaços de poder, como este se promovesse um esvaziamento das pautas “importantes”. Contudo, projetos transformadores estão em curso. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Opera Mundi.

A Cúpula dos BRICS 2024, avanços e declaração final

Resultados em Kazan houve, e expressivos. Comecemos pelos resultados de natureza “concreta”. Foram dados largos passos para a implantação efetiva de sistemas como o BricsBridge, para interligação dos bancos centrais dos países-membros de modo a que as suas moedas nacionais venham a ser usadas no comércio internacional, e o BricsPay, uma plataforma de pagamentos internacionais alternativa ao sistema SWIFT concebido e controlado pelo Ocidente. Foram também deslanchadas iniciativas para a criação do BricsClear, uma infraestrutura comum de depósito e liquidação. Desde a crise financeira mundial de 2008, a hierarquia da economia mundial e a governança global instituída na ordem econômica liberal liderada pelos Estados Unidos atravessam uma crise sistêmica. Parafraseando o historiador Adam Tooze, poderíamos falar de uma policrise da globalização neoliberal, ou seja, múltiplas crises que ocorrem de maneira assíncrona. Essa policrise abrange várias dimensões: uma crise econômica do sistema mundo capitalista baseada nas características de parasitismo rentista da globalização neoliberal, que mostra sinais de esgotamento; a impossibilidade desse modelo de promover assistência para o desenvolvimento às nações do Sul Global, como alertou o economista chinês Justin Yifu Lin; uma crise geopolítica, derivada da anterior, que evidencia movimentos de insubordinação no Sul Global; uma crise de funcionalidade, marcada pelo fracasso das instituições internacionais tradicionais nas mais diversas e variadas agendas; uma crise ecológica e uma crise de legitimidade e de autoridade, que se reflete na perda de confiança em relação à “ordem liberal” em geral e à hegemonia americana em particular. Leia a matéria completa.

Frei Beto: os desafios aos partidos progressistas

Por Frei Betto – A transformação social passa pela valorização da educação popular, da economia solidária e dos movimentos culturais e identitários. Sem isso, será difícil ver o surgimento de uma nova geração de militantes engajados. Tive a honra de ser convidado a abrir, em 26 de setembro último, na Cidade do México, o 26º Seminário Internacional “Os partidos e uma nova sociedade”, promovido pelo Partido do Trabalho que, em aliança com os partidos Morena e Verde, elegeram a primeira mulher presidente do México: Claudia Sheinbaum. Na presença de delegações de partidos progressistas de cinco continentes, iniciei por ressaltar os sete obstáculos à governabilidade: 1) Dificuldades econômicas devido à dependência externa; 2)Governança e corrupção; 3)Avanço da direita; 4) Falta unidade da esquerda; 5) A pressão imperialista. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Diálogos do Sul.

Esquerda sempre viva!

Por Lindener Pareto – Só pra contrariar, ouso aqui dizer que a chamada Esquerda não está nem nunca esteve morta. E explico. A História não deve ser medida apenas por análises de curta duração. E, no caso do Brasil, muito menos só com os critérios das democracias liberais (EUA, França, Inglaterra) em crise desde sempre também. Ora, coloquem em perspectiva a história política brasileira. A primeira vitória efetiva do campo da Esquerda democrática só se deu em 2002. Mais de cem anos depois da Proclamação da República liberal excludente (1889). Ainda assim, efetivada em função de cumprir alguns requisitos básicos das lógicas de mercado. No caso brasileiro, de uma elite política oriunda das fileiras da escravidão, as lutas populares operaram um verdadeiro milagre, resistiram e conquistaram direitos ao arrepio de um das estruturas mais autoritárias de toda a História Moderna (Capitalismo e Escravidão). Claro que isso não significa dizer que “estamos bem” diante do cenário catastrófico diante de nós. Mas quando ele não foi catastrófico? Walter Benjamin que o diga. Se considerarmos nossas “guerrilhas” a partir do marco de 1789 (ou 1848), quantas vitórias e derrotas somamos? De quantas derrotas somos feitos? De quantos e quantos massacres e injustiças nós sobrevivemos e “renascemos”?As ideias e as práticas da Esquerda são recentes no mundo, uma mirada de longa duração vai demonstrar um caminho muito mais complexo e caracterizado por lutas constantes e uma capacidade de reinvenção admirável. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Instituto Conhecimento Liberta.

Como a ideologia fascista explica a extrema direita atual

Por Alvaro Bianchi – Com o crescimento político e eleitoral da extrema direita no mundo, o uso do conceito de fascismo, muitas vezes de maneira inconsistente, tornou-se frequente na imprensa e no debate público. Portanto, definir a ideologia desse movimento é útil para compreender melhor a sua repercussão. Esta pesquisa mostra a definição do fascismo no momento de sua criação e propõe interpretações contemporâneas sobre seus significados. Discute a existência política da ideologia fascista ao longo da história, e oferece caminhos para interpretá-la e compará-la aos ideais dos emergentes movimentos neofascistas e pós-fascistas. Leia a matéria completa e acesse a pesquisa “Fascismos: ideologia e história”. Fonte: Nexo.

Como o Bixiga se tornou o bunker vermelho no coração de São Paulo

Por Hugo Albuquerque e Cauê Seignemartin Ameni – Formado por quilombolas, imigrantes italianos e, depois, trabalhadores nordestinos, um dos mais tradicionais bairros de São Paulo tem se tornado o último reduto da esquerda na cidade. Mas nem sempre foi assim: mesmo com histórico de luta, a região voltou a guinar à esquerda nos últimos anos devido a inúmeras iniciativas culturais, sociais, teatros e livrarias – operando uma transformação radical no território. Leia a matéria completa. Fonte: Jacobin Brasil.

EXPEDIENTE

MÍDIA NEGRA E FEMINISTA

Boletim Eletrônico Nacional

Periodicidade: Mensal

EDITOR

Valdisio Fernandes

EQUIPE

Allan Oliveira, Aline Almeida, Ana Santos, Atillas Lopes, Ciro Fernandes, Davino Nascimento, Denilson Oliveira, Enoque Matos, Flávio Passos, Glauber Santos, Guilherme Silva, Graça Terra Nova, Keu Sousa, Jeane Andrade, Josy Andrade, Josy Azeviche, Leila Xavier, Luan Thambo, Lúcia Vasconcelos, Luciene Lacerda, Lucinea Gomes de Jesus, Luiz Fernandes, Marcele do Valle, Marcos Mendes, Mariana Reis, Mônica Lins, Patricia Jesus, Ronaldo Oliveira, Roselir Baptista, Silvanei Oliveira, Tamiris Rizzo.

MÍDIA NEGRA E FEMINISTA Ano XX – Edição Nº236 – NOVEMBRO 2024

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