Monumento na Via Expressa, Salvador-BA, em homenagem à Revolta dos Búzios, de Ray Vianna

 

Dados da The Trans-Atlantic Slave Trade Database reportam que navios portugueses ou brasileiros embarcaram escravos em quase 90 portos africanos, contabilizando mais de 11,4 mil viagens negreiras, tendo 9,2 mil como destino o Brasil. Ainda de acordo com o levantamento, em torno de 4,8 milhões das pessoas que foram escravizadas chegaram ao litoral brasileiro.

 

Com apenas dois artigos, a Lei Áurea (lei nº 3.353) aboliu, em 13 de maio de 1988, a escravidão no Brasil, pondo fim a mais de três séculos de trabalho forçado. Cabe salientar que o país foi o último das Américas a fazê-lo. O 13 de maio traz para nós, descendentes de africanos escravizados, a tarefa central de afirmar o protagonismo negro na abolição e tratar de concluí-lo.

 

A historiografia oficial trata de esconder o fato do protagonismo negro, a partir das mais variadas formas de luta, desde o aquilombamento, rebeliões, greves em engenhos, formações de confrarias para enterros e compra de alforrias, etc, que percorreram toda a história do Brasil Colônia e do Império”, afirma Onir Araújo.

 

Flávio Gomes, um dos maiores pesquisadores sobre quilombos no Brasil, afirma que “é preciso incluir a dimensão da escravidão na luta de classes”. Olhar o movimento operário no Brasil é entender que começa escravo, e que a fábrica, a cidade e o campo foram moldados pelas mãos calejadas de trabalhadores e operários negros, livres e escravos.

 

A ausência de medidas eficazes de reparação faz com que essa parcela da população — 56,10% dos brasileiros se declaram negros — ainda continue social e economicamente atrás de outros grupos. No país, de cada 100 pessoas assassinadas, 71 são negras. Entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios de pessoas negras aumentou 18,2%, enquanto a das pessoas não negras diminuiu 12,2% no mesmo período. Em relação ao mercado de trabalho, a maior parcela de desempregados é da população negra, são 64,2% do total de 13,7 milhões sem ocupação.

 

Leia o dossiê na íntegra.

 

Fonte: Texto de Fabiana Reinholz, Brasil de Fato RGS, | Dossiê: Esquerda Diário.

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