Editora irá recuperar os textos de Carolina a partir dos cadernos originais e publicará ainda diversos títulos, como escritos memorialísticos, romances, poesia, música, teatro e narrativas curtas.
A Companhia das Letras anunciou no fim da última semana que passará a publicar a obra de Carolina Maria de Jesus, que ficou conhecida pelo livro Quarto de despejo: Diário de uma favelada (1960), organizado pelo jornalista Audálio Dantas.
“É com muita alegria que a Companhia das Letras anuncia a publicação da obra de Carolina Maria de Jesus, uma das maiores autoras brasileiras de todos os tempos. O projeto incluirá diversos títulos, como escritos memorialísticos, romances, poesia, música, teatro e narrativas curtas, entre outros. A editora recuperará os textos de Carolina a partir dos cadernos originais, espalhados por diversos acervos pelo Brasil.
Nascida em Sacramento (MG), em 1914, a escritora viveu a maior parte da vida em São Paulo (na favela do Canindé, em Santana e em Parelheiros) e exerceu diversos trabalhos informais. Em cadernos que encontrava no lixo, reaproveitava ou adquiria com grande dificuldade, deixou uma extensa produção literária. Alcançou o sucesso com o livro Quarto de despejo: Diário de uma favelada (1960), organizado pelo jornalista Audálio Dantas, mas muitos de seus escritos permanecem inéditos ou fora de circulação há décadas.
Esta iniciativa é um desejo de restituir a voz autêntica dessa grande escritora, trazendo ao público seu projeto literário por completo. É ainda um esforço de reparar a rejeição e estigmatização que Carolina por décadas sofreu dos círculos literários, fruto de um racismo estrutural que lhe negava a presença nesses espaços.
A edição da obra será supervisionada por um conselho editorial composto por Vera Eunice de Jesus, filha de Carolina, pela escritora Conceição Evaristo e pelas pesquisadoras Amanda Crispim, Fernanda Felisberto, Fernanda Miranda e Raffaella Fernandez.
O primeiro lançamento será Casa de alvenaria, parte integrante da série “Cadernos de Carolina”, que publicará os diários da escritora buscando a integridade dos manuscritos originais. O livro retoma o título de 1961, porém ganha edição completamente refeita e ampliada. A ideia é que o leitor tenha um registro detalhado e completo da experiência de Carolina após se mudar para o bairro de Santana, e de sua luta pelo reconhecimento como escritora.
Outros volumes da série incluirão cadernos que retratam a vida na favela, suas viagens e os últimos registros memorialísticos da escritora, quando se mudou para um sítio em Parelheiros, na zona sul de São Paulo. Todos os “Cadernos de Carolina” serão coordenados por Vera Eunice de Jesus e Conceição Evaristo e organizados pelas pesquisadoras do conselho editorial, além de contar com aparatos críticos inéditos.
As datas de publicação dos títulos serão divulgadas pela editora oportunamente.
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“Um dos maiores desejos de Carolina Maria de Jesus era o de ser reconhecida como uma escritora capaz de escrever, além dos diários, romances, poesias, provérbios, contos, peças teatrais e letras de músicas. Ao falecer me deixou alguns pedidos numa carta e, entre eles, que eu propagasse a sua memória. São várias obras inéditas, as quais serão publicadas pela Companhia das Letras.” – Vera Eunice de Jesus, filha de Carolina Maria de Jesus
“A publicação da obra de Carolina Maria de Jesus, por justiça, coloca a escritora em seu devido lugar, como uma das mais emblemáticas escritoras brasileiras do século XX e oferece ao público leitor a oportunidade de transitar pela diversidade que compõe a literatura brasileira.” – Conceição Evaristo
* Os livros Quarto de despejo e Diário de Bitita não fazem parte deste projeto”.
Fonte: Companhia das Letras.