O Fórum Permanente pela Igualdade Racial (Fopir) lançou o e-book “Mapeamento da Mídia Negra no Brasil” O lançamento aconteceu no dia 5 de agosto, durante o evento “Quartas Antirracistas” com o tema “Mídia Negra no Brasil – Implodindo Imaginários”.
Com mediação da coordenadora de Comunicação do Odara Instituto da Mulher Negra e integrante da comunicação do Fopir, Naiara Leite, foram abordados temas sobre o conceito, atuação e papel de mídia negra no Brasil. Além de destacar o protagonismo feminino negro. Alane Reis, editora-chefe da Revista Afirmativa; e Larissa Santiago, coordenadora dos espaços virtuais e offline junto com as Blogueiras Negras foram as convidadas do lançamento. O live está disponível no YOUTUBE DO FOPIR.
O Mapeamento de Mídia Negra no Brasil é um esforço coletivo, elaborado por várias mãos e pensadores e pensadoras. Os dados foram apresentados ao público, primeiramente, no âmbito do seminário Genocídios Contemporâneos: Reagir é Preciso, realizado pelo FOPIR e parceiros (as) nos dias 10, 11 e 12 de outubro de 2019, em Belo Horizonte. Além dos dados do Mapeamento, o e-book conta com contribuições fundamentais em artigos de Alane Reis, Edson Cardoso, Gabi Oliveira (De Pretas), Jonas Pinheiro, Larissa Santiago e Rosane Borges.
A confluência do encontro em Minas Gerais provocou desdobramentos dentro do campo da Comunicação: em 20 de novembro de 2019, no Dia da Consciência Negra, saiu o texto manifesto NINGUÉM MAIS VAI CALAR O GRITO POR LIBERDADE, com a adesão de mais de 30 iniciativas de comunicação e jornalismo de diferentes regiões do Brasil, com forte protagonismo das mulheres. O documento traz o pensamento, as reflexões e as narrativas produzidas por estes coletivos para fortalecer o projeto de cidadania e justiça para as populações negras.
O racismo tem um suporte material que é a vida das pessoas negras baseadas na ausência de direitos, na pobreza e na desumanização. Os debates e ações desenvolvidas pelo FOPIR com foco no fortalecimento das mídias negras no Brasil têm levado em consideração que essas mídias são espaços fundamentais para potencializar as narrativas e denúncias contra o racismo, e o projeto de genocídio contra a população negra.
Neste sentido, para o FOPIR, mídias negras são espaços de comunicação social produzidos por pessoas negras que tratam de pautas e temas sobre a vivência das pessoas negras e sobre a luta contra o racismo. Essas mídias podem atingir públicos locais, em contextos comunitários, a níveis estadual, regional, nacional ou internacional. Em se tratando de mídias empresariais, estas precisam pertencer em mais de 50% a empresários negros e os cargos de gestão e coordenação também precisam ser ocupados por pessoas negras.
Ressaltamos também que organizações negras e de mulheres negras que produzem conteúdos comunicacionais que tratem das mais diversas vivências da população negra também são considerados por nós mídias negras. Pensar a comunicação para o FOPIR é fundamental porque reflete, por exemplo, os desafios das mídias negras no Brasil que, historicamente, resistem para assegurar a produção de narrativas que transformem consciências, levando em consideração todas as complexidades em que estão inseridas as populações negras.
“O papel das mídias negras na implosão de imaginários” é o título do artigo da jornalista Rosane Borges publicado aqui, cujos caminhos apontam o tamanho de nosso desafio institucional. Em tempos de pandemia mundial pela covid-19, que agrava ainda mais a condições de vida e sobrevivência das populações negras, a crítica ao projeto político hegemônico racista deve ser permanente e resultar diretamente em formas que rompam o silenciamento. As narrativas produzidas pelas mídias negras têm clamado pela vida negra e têm contribuído para a descolonização e visibilização do pensamento, além de dar destaque às ações desempenhadas pelos movimentos negros no Brasil.
Utilizando-se das ferramentas disponíveis e da tecnologia, como: jornal mural e eletrônico, revistas, pôsteres, jornal comunitário e redes sociais, esses coletivos de mídia negra se propõem a incidir sobre os cenários ampliando as tensões. É a partir de estratégias elaboradas que esses grupos têm reafirmado o lugar político de fazer comunicação, ressignificando o sentido social e pedagógico da mídia no Brasil, propondo uma comunicação centrada nos agenciamentos políticos.
A pesquisa foi um levantamento aberto ao público, realizado de forma online, no qual houve sessenta e cinco (65) respondentes que se identificam com a perspectiva da mídia negra ou com uma produção ancorada na luta contra o racismo e desigualdade no Brasil. Portanto, foram consideradas todas as respostas neste mapeamento.
Acesse o MAPEAMENTO DE MÍDIA NEGRA NO BRASIL na íntegra aqui: https://bityli.com/midianegra