Segundo Sonia, 28 mil indígenas já foram infectados pelo novo coronavírus e mais de 700 morreram.
A coordenadora lembrou ainda do papel dos países europeus nesse processo de pressão pela preservação da Amazônia e cobrou inclusive uma “responsabilização” desses governos para que se atentem ao rastreamento de produtos brasileiros. E fez um apelo para que o acordo entre Mercosul e União Europeia seja barrado.
“Precisamos barrar o acordo do Mercosul (com a União Europeia). Esse acordo entre os governos europeus e o Brasil, esse acordo vai pressionar ainda mais o governo brasileiro a entregar os territórios indígenas, a destruir o meio ambiente”, argumentou.
“Precisamos, juntas, fazer essa pressão, também, para toda a Europa, e responsabilizá-la pelo impacto que todos os seus negócios causam aqui no Brasil”, disse a liderança indígena a Greta.
“AGIR AGORA”
Na mesma linha, a ativista sueca defendeu uma união global para pressionar governos e pessoas com poder de decisão, referindo-se também ao governo de Jair Bolsonaro. Para Greta, é necessário defender os povos indígenas, essenciais para a proteção da floresta, e ao mesmo tempo vitimados pela pandemia e também pelos históricos conflitos envolvendo disputa por terra, desmatamento, queimadas e garimpeiros.
“Essa crise é global. Porque o que acontece na Amazônia não fica na Amazônia e a gente precisa agir agora. A gente precisa entender que nós dependemos da Amazônia e dependemos das pessoas protegendo a Amazônia. Dependemos das pessoas colocando as vidas em risco para salvar a Amazônia, para protegê-la. E dependemos dos povos indígenas”, disse Greta, na live, realizada com o suporte do Greenpeace internacional.
“Eles (os indígenas) não podem ficar sozinhos nessa luta, eles estão lutando por nós. Eles estão sendo os mais impactados, sofrendo com essa crise”, afirmou a ativista.
Greta afirmou que aproximadamente 80% da biodiversidade do planeta está nas mãos dos povos indígenas, motivo pelo qual o mundo depende deles.
Sonia aproveitou para jogar a atenção a iniciativa da Apib em parceria com organizações indígenas de todas as regiões do país, ativistas ambientais e de direitos humanos, o Plano Maracá Emergência Indígena, em referência a instrumento musical típico.
“O Maracá Emergência Indígenas denuncia o impacto da pandemia dentro dos territórios indígenas, entre os povos indígenas, mas também visibiliza o papel dos povos e dos territórios indígenas, o quanto beneficia toda a humanidade”, afirmou.
“O nosso Maracá é um chamado de apoio mundial… O som do maracá precisa transpor todas essas fronteiras, precisa transpor oceanos, e levar esse som, esse som da emergência que não é só uma emergência indígena, mas uma emergência de toda a humanidade.”
A ativista sueca lembrou que todos têm um papel, com responsabilidades e oportunidades diferentes, e podem fazer a diferença.
“Todos os dias estamos cavando mais fundo nessa situação, e a floresta amazônica está próxima de atingir um ponto de não retorno. Não podemos deixar isso acontecer, porque no mínimo isso seria catastrófico.”
Assista a live no canal do INESC
Fonte: INESC e Revista Fórum.