Por Geralda Ferraz
Qual é o tamanho do patriarcado? O que justifica em pleno século XXI a barbárie contra mulheres que optam por seguir suas vidas sozinhas, desfazendo das relações abusivas, violentas? O que move um homem a deixar de lado, o que lhe caracteriza como “ser humano” e matar a mãe de suas filhas, ali, tendo-as como testemunhas? São movidos por uma crueldade absurda!
Atitudes tão ou mais hediondas, do que as praticadas por aqueles que de acordo com a lei, são criminosos! No caso das mortes de mulheres pelos seus ex-cônjuges, os assassinos são considerados cidadãos de bem! Trabalhadores fora de qualquer suspeita! São eles, sim, os que são capazes dos crimes mais bárbaros! Suas vítimas estão envoltas com os vínculos afetivos! Acreditam que apesar dos atos violentos, seus agressores são incapazes de MATAR! As três mulheres mortas na noite de Natal, estavam rodeadas de seus familiares, filhas e filhos! Consideravam que estavam seguras!
Não existe segurança quando o assunto é violência doméstica! Rose M. Muraro, feminista brasileira, tinha razão quando disse: “Devemos mostrar que a violência contra a mulher é mais importante que a violência contra o homem, porque é a primeira violência que a criança vê desde que nasce e a partir daí, ela aceita todas as violências”. O tamanho do patriarcado está relacionado com a cultura que naturaliza a violência contra as mulheres, e que neste período de pandemia aumentou consideravelmente: de 2018 a 2019 este aumento já era visível, segundo dados do site G1, foram 1314 mulheres assassinadas no Brasil, uma média de uma mulher morta a cada sete horas!
O assassinato da juíza Viviane Vieira, pelo ex-marido, o engenheiro Paulo José, que ignorou os gritos de suas três filhas, enquanto esfaqueava a ex-mulher, reforça a máxima que a violência doméstica é endêmica e está em todas as classes sociais. As mulheres estão reféns da cultura do patriarcado que volta e meia, ratifica seus valores: mulheres são propriedades dos homens; devem ser submissas e preservar sua família; a culpa é delas!
Quando homens e mulheres justificam atitudes de assédio, como a do deputado Fernando Cury contra a deputada Isa Penna (AL de São Paulo), eles estão perpetuando os valores do patriarcado! Não bastam leis rigorosas, se as pessoas nos diferentes espaços, não enxergam a gravidade dos crimes. Já passou da hora de enfrentarmos o patriarcado, com ações que comecem dentro de casa, na escola, no bar, nas ruas. Onde o machismo seja rechaçado, banido de todos os espaços! Nós exigimos: – BASTA de feminicídio!
Fonte: Associação Mulheres na Comunicação.