Entenda como a lei estadunidense, que considerava filhos e netos de negros como pessoas de cor, deu carta branca aos senhores de escravos para continuar estuprando cativas.

A One Drop Rule (Lei da Uma Gota de Sangue) foi uma legislação adotada por estados sulistas, dos Estados Unidos, para definir, legalmente, quem era negro. A regra especificava que se uma pessoa, mesmo que fosse da cor branca, tivesse algum ancestral negro, seria considerada de cor, o que proporcionava o mesmo tratamento que os negros recebiam pelo estado e população racista.

Para criar tal lei, os legisladores norte-americanos se basearam no funcionamento legal do sistema neocolonial inglês, vigente durante o período do neocolonialismo, fase de exploração da Africa por países Europeus.

Durante o Século XIX, os Barões e soldados ingleses constantemente engravidavam mulheres habitantes da Africa Subsaariana. Para escaparem da obrigação parental, apelavam para a legislação que proibia a mistura entre brancos ingleses e negros Africanos, ficando, dessa forma, desobrigados de qualquer tipo de responsabilidade por seus descendentes negros diretos.

Foi baseado nessas perspectivas, que os Estados Sulistas dos EUA promoveram a publicação das leis “One Drop Rule”.

A promulgação desse conjunto de leis aumentou consideravelmente o número de estupros de mulheres negras escravizadas e intensificou ainda mais o problema social entre as raças brancas e negras ao longo do final do Século XIX e inicio do Século XX.

Não era incomum ver uma família com dois filhos da cor negra e dois de cor branca. A falta de direitos para negros fez com que os seus irmãos e filhos brancos tentassem de toda forma esconder suas origens e a cor de seus pais e avós, para se ter uma ideia, muitas pessoas não podiam mostrar os ancestrais em público, principalmente nas cidades do Sul.

A Lei da gota de sangue foi aplicada, legalmente, nos Estados Unidos até 1980. O último caso ocorreu com Susie Guillory Phipps, moradora de Nova York, que viajou ao interior da Luisiana, para tirar uma cópia da sua certidão de nascimento visando obter o passaporte.

Ao ter acesso a sua certidão certidão, Susie descobriu que foi registrada como “negra” quando criança, muito embora tenha vivido toda sua vida como uma mulher branca.

Phipps, inconformada com a situação, processou o estado da Luisiana, e na petição solicitou a mudança de sua raça de negra para branca, mas o tribunal, extremamente conservador, aplicou a “One Drop Rule ” e negou o pedido, pois a tataravó de Susie era negra. A repercussão do uso da lei foi parar na Suprema Corte Americana, que anulou o processo. Depois desse caso, a regra nunca mais foi usada
nos tribunais dos Estados Unidos.

 

Fonte: Iconografia da História.

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