Projeto reconstrói engenho de açucar do século XVI e mostra como ele funcionava

 

O Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos da USP, localizado em Santos, é a mais antiga evidência física preservada da colonização portuguesa.

Quem viaja pelo litoral paulista, entre as cidades de Santos e São Vicente, pode encontrar o Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos da USP. São os vestígios de um engenho de açúcar construído em 1534 e é a mais antiga evidência física preservada da colonização portuguesa em território brasileiro. O local é aberto a visitações, mas também é um espaço de pesquisa e estudos administrado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP.

Um projeto quer levar o público a fazer uma viagem no tempo e conhecer por dentro o engenho de açúcar do século 16 em pleno funcionamento. Para isso, a produtora santista Release Eletrônico reconstruiu virtualmente o Engenho São Jorge dos Erasmos em um filme que leva a uma imersão em vídeo e áudio em 360º, com uso de tecnologia de realidade virtual.

A produção é vencedora de um edital do Programa de Ação Cultural (Proac) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, e pode ser acessada gratuitamente no Youtube e no hotsite especialmente criado pelo projeto. Além do filme, há detalhes da produção, curiosidades e imagens 360°.

O edital do Proac estabelecia premiar projetos que estimulassem o aprimoramento técnico do produtor e o desenvolvimento do mercado.  “O edital é de 2019, justamente num período em que eu estava iniciando o trabalho com a técnica de imersão em 360º. Eu sempre me identifiquei com o Engenho São Jorge dos Erasmos e vi no Proac uma forma de mostrar aos santistas que a cidade já produziu açúcar, produto cujo nosso porto é líder mundial em exportação. Assim surgiu a ideia do filme”, conta o produtor executivo e diretor da Release Eletrônico, Silvio Reis Jr., a entrar na competição.

Todo passeio pelo engenho é conduzido por um guia, o Táquion, personificado em uma minhoca quântica. O personagem foi adaptado de outra história criada pela Release Eletrônico, 16 anos atrás. Táquion faz parte do time de personagens da série animada Geninho Quântico, criada em 2006, para um projeto que visava a retratar a história dos 100 anos dos canais de Santos.
[Clique no player do vídeo para conferir]

A minhoca quântica é referência a duas teorias da física quântica, uma conhecida como “Buraco de Minhoca” que está relacionada à viagem no espaço-tempo, e a outra tem relação com uma partícula, ainda não comprovada, que seria mais rápida que a velocidade da luz, cujo nome é Táquion.

Graça, agilidade e certo maneirismo dão vida ao personagem que pode viajar no tempo e assumir diversas formas. O dublador Lucas Mendes empresta a voz ao personagem central. A gravação foi realizada em Santos, no Estúdio Vila do Sossego, com apoio técnico de Vinícius Suzuki.

O vídeo com imersão 360 graus possibilita viajar no tempo e colocar as pessoas dentro do cenário, com o engenho funcionando. A ex-diretora do monumento, a professora da USP Vera Lucia Amaral Ferlini, e o pesquisador da USP Luís Otávio Pagano Tasso auxiliaram a equipe na produção do projeto.

“Com o apoio de professores da USP pudemos suprir a dificuldade em encontrar material histórico de referência visual e dos processos envolvidos na produção do açúcar naquele período. A partir desses dados, partiu-se para a modelagem da estrutura arquitetônica do ambiente, equipamentos utilizados em cada etapa e dos escravizados negros e índios que lá deixaram seu suor e vidas”, disse Gilberto Caserta, responsável pela direção do filme.

Para que o público pudesse ter a sensação de estar realmente no ambiente, foi usada a técnica conhecida como ambisonic. Foi criado um cenário específico para o áudio, considerando as diversas fontes de emissão. O som acompanha a imagem nos espaços explorados pelo público. Como, por exemplo, numa praça, pode-se ouvir sons vindos de pontos distintos. À medida que um observador muda o foco da visão, a percepção do som também muda. A imersão sonora 360º presente neste projeto reproduz essas diferenças. O espectador tem essa percepção com muita fidelidade, obtendo a sensação de estar presente no ambiente retratado.

A experiência completa é conseguida com o uso de óculos de realidade virtual e fones de ouvido. Mas com um smartphone, um tablet ou mesmo um notebook é possível curtir o passeio. É sugerido acompanhar ao menos com um par de fones de ouvido – Foto: Reprodução/Release Eletrônico

A meta inicial, antes da pandemia de covid 19, era produzir o filme e apresentá-lo em exibições para grupos utilizando óculos de realidade virtual (VR), numa exposição por pelo menos 20 dias, dentro do próprio Engenho dos Erasmos. A meta teve que ser alterada, e o filme, com a mesma tecnologia, ficará disponível na internet, num hotsite exclusivo até 31 de dezembro próximo.

Mais informações: https://www.historia360.com.br

 

Com informações de Maurici de Oliveira – Ego Comunicação Estratégica.

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