A Batalha de Stalingrado, no sul da Rússia marcou o ponto de virada na Segunda Guerra, o início do fim do terror nazista e também o curso da história humana. Nesta cidade, a Alemanha Nazista percebeu que a derrota final era apenas uma questão de tempo.
Em 23 de agosto de 1942 se iniciou o ataque nazista contra Stalingrado no céu da cidade. Quando a Luftwaffe (a Força Aérea alemã) terminou a primeira onda de bombardeios, a cena era de destruição e morte, com incêndios que não se apagaram por semanas e destroços para onde quer que se olhasse.
No final de outubro de 1942 parecia que Stalingrado estava liquidada pelos alemães. Com 90% da cidade em mãos inimigas e com os remanescentes do Exército Vermelho presos em pequenos bolsões de resistência, o general alemão Friedrich Paulus ordenou um ataque final do 6º Exército. Foi então que o inimaginável aconteceu. Os generais russos conseguiram virar a situação e colocar a Wehrmacht na defensiva.
O homem encarregado da defesa de Stalingrado era o general Vassili Zhukov, um experiente militar soviético. O comandante era um gênio militar e provou ser “a pedra no sapato” dos alemães na frente oriental. Zhukov, o cérebro por trás da defesa de Leningrado e de Moscou, conseguiu reunir, com discrição, uma impressionante força para levar a cabo o contra-ataque em Stalingrado, explorando as fraquezas do inimigo.
Os alemães, estupefatos, se depararam em 19 de novembro de 1942, com o poderoso contra-ataque soviético. Os invasores não contavam lidar com a ferrenha tenacidade do inimigo. Além de terem de lutar contra os soldados, havia também os civis que, sem opção (a não ser defender sua cidade), pegaram em armas. Dentre os defensores estava um inimigo que os soldados alemães não esperavam enfrentar: as mulheres.
Como se não bastasse o frio – carinhosamente chamado pelos russos de “General Inverno” – bombas começavam a cair do céu oriundas de aviões que não paravam de surgir, blindados avançavam com fogo e fúria e uma impressionante força com mais de 1 milhão de homens e mulheres atacavam “em pinça”, gritando “Ura”, o grito de guerra do Exército Vermelho.
Fazendo uso do movimento de pinças, o general Zhukov cercou as forças alemãs na cidade. Os soviéticos conseguiram isolar o grosso da força invasora dentro da cidade. Aproximadamente 300 mil homens – incluindo o próprio Paulus e seu Estado Maior – se viram cercados em temperaturas de -30ºC.
“Temos 18 mil feridos sem qualquer ressuprimento, sem roupas adequadas e sem medicamentos. Qualquer tentativa de defesa é inútil. Colapso inevitável”, dizia o telegrama de Paulus enviado a Hitler em 24 de janeiro de 1943. As palavras do general, descritas no livro Smithsonian World War II Map by Map (Smithsonian Segunda Guerra Mapa por Mapa, em tradução livre), ilustram o quanto delicada a situação havia ficado e exortam uma tentativa desesperada de encontrar uma solução, cogitando, inclusive, a possibilidade de rendição.
Os homens do 6º Exército alemão, sitiados em Stalingrado precisavam de 550 a 800 toneladas diárias apenas de alimentos para continuar a luta. A quantidade necessária é considerada alta para uma força aérea moderna, sendo algo inimaginável para a época.
A supremacia do céu estava agora nas mãos dos aviões russos, dificultando ainda mais a vida dos germânicos. Vendo que a situação estava acabada, o agora marechal Paulus ofereceu sua rendição aos soviéticos em 31 de janeiro – curiosamente, era aniversário do general Zhukov. Como os kessels estavam sem comunicação, o bolsão do norte se rendeu apenas em 2 de fevereiro, marcando o fim da Batalha de Stalingrado.
Ao final, aproximadamente 91 mil alemães foram feitos prisioneiros, cuja maioria estava em estado de desnutrição, já que o Exército cercado já não tinha mais comida. Relatos contam que, na fase final do combate, mais alemães morreram de frio e fome do que em batalha contra o Exército Vermelho.
Os números não são definitivos, mas considera-se que mais de 1,250 milhão de pessoas morreram no conflito, sendo 500 mil alemães e 750 mil russos. Um recorde de mortes em combate.
Além disso, o que parecia impossível aconteceu: a vitória soviética marcou o início do fim do totalitarismo nazista. Os alemães ainda teriam algumas conquistas no leste, mas, depois da derrota do 6º Exército, nunca mais seriam os mesmos – sendo finalmente derrotados em 9 de maio de 1945, quando o marechal Zhukov e demais comandantes Aliados aceitaram a rendição incondicional da Alemanha.
A vitória em solo soviético e o combate final em Berlim fizeram com que o conflito ganhasse um significado maior para os russos e demais povos das ex-URSS, que, hoje, chamam o episódio de “A Grande Guerra Patriótica”.
Com informações do site Aventuras na História.