Os crimes de feminicídio estão em alta no País. No ano passado, segundo dados divulgados em 20 de julho de 2023, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 1.437 casos. Aumento dos feminicídios no Brasil mostra que mulheres ainda não conquistaram o direito à vida. Ao contrário dos homicídios em geral, cujas motivações são as mais variadas, os feminicídios têm sempre o mesmo cerne: a desigualdade de gênero, declaram Debora Piccirillo e Giane Silvestre, pesquisadoras do NEV-USP. “Esta desigualdade, que está presente nas relações sociais, é baseada na crença de que as mulheres são subalternas aos homens e que suas vontades são menos relevantes. A violência de gênero reflete a radicalização desta crença que, muitas vezes, transforma as mulheres em objetos e ‘propriedade’ de seus parceiros”, afirmam as pesquisadoras.

Os dados sobre a distribuição dos feminicídios ao longo dos dias da semana – tabulados com exclusividade para a Revista Piauí pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) – e a análise das taxas de mortes é mais um elemento para entender os padrões repetitivos e domésticos do feminicídio: em 2022, 53,6% dos assassinatos foram cometidos por companheiros e 19,4% por ex-companheiros; 69,3% dos crimes aconteceram dentro de casa. E os fins de semana, aos sábados e domingos, quando os casais ficam juntos, tentam se reconciliar, às vezes festejam, são o momento de maior risco.

Para muitas brasileiras, domingo não é dia de festa, nem de missa, nem de churrasco, nem de pizza, nem de futebol. É dia de perigo e morte. De cada cinco feminicídios registrados no país em 2022, pelo menos um aconteceu aos domingos. Os fins de semana concentram 37% das ocorrências desse tipo de crime no país. É quando as delegacias especializadas estão fechadas, as ruas, mais vazias, e a polícia, ocupada com desdobramentos de outros crimes. Depois do domingo, o dia mais perigoso para as mulheres é o sábado (16,1% dos casos), seguido pela segunda-feira (15,3%). Nos demais dias da semana, a proporção variou pouco: 12,5% na sexta, 12% na quarta, 11,5% na terça e na quinta.

Em 2015, o governo federal sancionou a Lei do Feminicídio, que transforma em crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou de discriminação de gênero.

 

Confira ranking dos feminicídios no Brasil

 

Taxa de feminicídios por 100 mil habitantes em 2022:

Rondônia: 3,1

Mato Grosso do Sul: 2,9

Acre: 2,6

Mato Grosso: 2,6

Amapá: 2,2

Maranhão: 2,0

Rio Grande do Sul: 2

Alagoas: 1,9

Tocantins: 1,9

Espírito Santo: 1,7

Sergipe: 1,7

Minas Gerais: 1,6

Goiás: 1,6

Pernambuco: 1,5

Bahia: 1,5

Santa Catarina: 1,5

Piauí: 1,4

Rio de Janeiro: 1,3

Paraná: 1,3

Distrito Federal: 1,3

Paraíba: 1,3

Pará: 1,2

Amazonas: 1,1

Roraima: 1

Rio Grande do Norte: 0,9

São Paulo: 0,9

Ceará: 0,6

Em número absolutos, a maior quantidade de feminicídios cometidos no ano passado ocorreu em São Paulo, com 195 vítimas, seguido por Minas (171) e Rio (111). No fim da lista estão Roraima, com três casos, Amapá, com 8, e Acre, com 11. Veja a lista completa abaixo.

 

Números absolutos de feminicídio em 2022, por Estado:

São Paulo: 195

Minas Gerais: 171

Rio de Janeiro: 111

Rio Grande do Sul: 110

Bahia: 107

Paraná: 77

Pernambuco: 72

Maranhão: 69

Goiás: 56

Santa Catarina: 56

Pará: 49

Mato Grosso: 47

Mato Grosso do Sul: 40

Espírito Santo: 33

Alagoas: 31

Ceará: 28

Paraíba: 26

Rondônia: 24

Piauí: 24

Amazonas: 21

Sergipe: 19

Distrito Federal: 19

Rio Grande do Norte: 16

Tocantins: 14

Acre: 11

Amapá: 8

Roraima: 3

 

Fonte: Agência Estado e Revista Piauí.

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