Decisão histórica de Alexandre de Moraes de bloqueio do X no Brasil tem ampla repercussão internacional. Conflito entre Elon Musk e o STF demonstra a premência da regulamentação das redes sociais.

 

O grande blefe de Elon Musk

No capitalismo de cassino, todas as apostas são castelos de cartas. Como o homem mais rico do mundo defende seus lances temerários aliando-se à ultradireita, deformando a internet e esperando que uma contra-revolução o socorra.

Por Pablo Elorduy | Tradução: Antonio Martins

 

“A internet é como o Velho Oeste. Pensávamos que éramos os cowboys, mas resulta que somos os búfalos.” Esta citação que Geert Lovink atribui ao antropólogo AnthroPunk em seu livro Tristes por Design (consonni, 2023) não se aplica completamente a Elon Musk, o Liberty Valance que domina a pradaria mais influente da política internacional. Musk, o homem de uma fortuna de 221 bilhões de dólares, tornou-se neste verão uma ameaça não apenas para a esquerda e os movimentos sociais online, mas também para uma parte fundamental do establishment. Musk é hoje o porta-bandeira da nova extrema-direita, conhecida nos Estados Unidos como Alt Right, e sua aliança com Donald Trump pode alcançar um novo estágio em novembro deste ano se o ex-presidente voltar à Casa Branca e, como se especula, oferecer ao bilionário dono da Tesla um cargo de conselheiro áulico.

Mídias como Financial TimesThe Guardian ou El País criticaram duramente nos últimos dias o bilionário dono do X. Sua proclamação de que “uma guerra civil é inevitável” após a onda de pogroms islamofóbicos no Reino Unido, promovida a partir dessa rede social no início deste mês, é daquelas que marcam uma época. Também não passou despercebida a entrevista amigável com o próprio Trump no antigo Twitter, o deepfake de Kamala Harris que ele divulgou, desrespeitando as regras de sua própria plataforma, ou as tentativas da extrema-direita global de reproduzir os tumultos da extrema-direita britânica na Espanha, usando como pretexto um estupro em Magaluf (Maiorca) e um assassinato em Mocejón (Toledo).

Outrora visto como um empresário inovador e sedutor, um Tony Stark da vida real, hoje Musk é visto como alguém mais parecido com o Doutor Destino, e, já no plano da realidade, uma ameaça para as democracias ocidentais, graças ao declínio do X, a rede social da qual ele foi primeiro viciado e depois dono.

O empresário nascido em Pretória, filho espiritual do apartheid sul-africano, é ao mesmo tempo um milionário em apuros, o homem mais rico e um dos mais influentes do mundo, o proprietário da indústria social que moldou a política internacional na última década, um troll que se autopercebe como alguém engenhoso, o novo líder da extrema-direita “antiwoke”, um boca grande que teve que se retratar várias vezes de suas gafes, um criptobro e um paranoico com problemas de sono e vícios. “Quer colonizar Marte e seu ego é quase tão grande quanto o planeta vermelho”, conclui um artigo de Derek Seidman na LittleSis.

 

A Deriva do X para a Extrema Direita

Dois símbolos de exclamação (!!) tornaram-se o distintivo usado pelo dono do X para mobilizar e impulsionar a extrema-direita internacional. “É a marca da besta”, resume Carlos Benéitez, integrante do projeto de análise de fake news e redes sociais Pandemia Digital. Acostumado a responder às mensagens de outros usuários de sua plataforma com um código lacônico baseado em palavras e emojis (cool, wow,💯, etc), através das duas exclamações ele impulsionou mensagens de contas antimigração como as de Tommy Robinson (Stephen Yaxley-Lennon), a conta Iamyesyouareno ou, na Espanha, as mensagens de Rubén Pulido, analista de La Gaceta, meio da fundação Disenso vinculada ao Vox.

Benéitez distingue duas acelerações na expansão de conteúdos de extrema-direita no X desde a compra por parte de Musk em outubro de 2022. Uma tem a ver com a expansão das notícias falsas, os boatos, os discursos de ódio de caráter racista, de ódio religioso e lgbtfóbico. “Eles mexeram no algoritmo: são mostrados mais porque é o objetivo que Musk tem”, resume este pesquisador. O outro momento de aceleração tem a ver com a promoção, aparentemente casual, que o próprio Musk, a pessoa com mais seguidores no X (não sem truques), faz de alguns desses conteúdos através das exclamações ou de outro tipo de interações, de maneira que “dispara o alcance de impressões e de interações, tanto naturais, de pessoas que recebem essa informação, quanto de contas automatizadas”, indica Benéitez.

Para a jornalista Marta G. Franco, autora do recente Las redes son nuestras (consonni, 2024), Musk é possivelmente a melhor notícia que a extrema-direita teve neste período histórico: “É o braço tecnológico da direita reacionária, uma peça a mais da alt-right, ou como queiramos chamar essa mutação ultra-tóxica do capitalismo que surge como resposta à onda de movimentos de mudança que se articularam através da internet nas duas últimas décadas. É um passo a mais dessa Internacional do Ódio: primeiro começaram a investir em bots, trolls pagos, sites de fake news e influenciadores afins, e com Musk tiveram a oportunidade de comprar o próprio meio para continuar distorcendo a conversa pública”.

O analista Jonathan Freedland catalogou Musk como “a figura mais importante da extrema-direita mundial”, e lembrou que este “tem o megafone mais poderoso do mundo”. O fato é que ele não está sozinho. Aos “supercompartilhadores” como Robinson, Andrew Tate ou Ashley St Clair, e às contas como “End Wokeness” e a antimuçulmana “Europe Invasion”, soma-se o próprio Donald Trump ou Milo Yiannopoulos, o ex-redator da Breitbart, meio de comunicação oficioso do trumpismo 1.0, que foi expulso do Twitter após liderar o assédio racista e gordofóbico à atriz Leslie Jones.

A chegada de Musk à sala de comando do X foi um júbilo para os ultradireitistas. Ele restaurou a conta de Robinson, Trump, Yiannopoulos, do ultra antitrans Graham Linehan, e também do rapper Kanye West — conhecido antissemita —, embora este último tenha novamente renunciado à sua conta. Em um artigo de despedida ao X, a colunista Katie Martin descrevia a deriva da rede social e como os abusadores haviam tomado conta da rede através de um “gotejamento de racismo casual, intolerância dos edgelords [provocadores online], polêmicas de má-fé, apitos para cães [dog-whistle, mensagens codificadas], desinformação grosseira, pornbots duvidosos, golpes cínicos, conspirações de chapéus de alumínio e bobagens cripto”.

 

Algoritmo e Filosofia do Fim da Espécie

As mudanças, no entanto, não se limitaram à eclosão desse ecossistema da alt-right internacional. A falta de transparência tem sido a marca registrada do X. Embora as vias de acesso ao conhecimento sobre em que se baseavam as decisões do Twitter em relação à sua comunidade de usuários já estivessem limitadas, Musk decidiu fechá-las todas. A interface de programação de aplicativos (API, na sigla em inglês), que permitia conhecer o impacto de campanhas, passou a ser paga, o que dificultou muito mais rastrear a expansão da desinformação e das fake news. Além disso, ele realizou uma série de mudanças para promover seu perfil, que se tornou o mais seguido da rede apenas após sua aquisição.

Benéitez resume em poucas frases como ocorreu essa ascensão: “Musk perguntou aos engenheiros do Twitter por que seus conteúdos não tinham mais impacto. E um deles respondeu que isso se devia ao fato de que suas publicações não geravam interesse: o algoritmo analisa esse interesse através do tempo de retenção, quanto tempo você se detém ao ler o tweet, as respostas que ele tem, os retweets, os ‘likes’, os salvos, etc. Qual foi a resposta? Despedir esse engenheiro e pedir que sua conta ficasse fora do algoritmo para ser promovida massivamente”.

Literalmente, Musk construiu seu próprio cassino com base em uma série de comunidades que haviam crescido sem prestar muita atenção nele. “Fomos pegos porque pensamos que valia a pena, na verdade, ainda acho que durante vários anos valeu a pena”, observa a autora de Las redes son nuestras. Jack Dorsey, o antigo mandarim do Twitter, tinha um perfil afável, comenta Marta G. Franco, “mas a chegada de Musk nos fez lembrar do problema inicial: não podemos dar tanto poder a ninguém, não podemos depender do magnata da vez”. De qualquer forma, ninguém questiona que tudo mudou: “Pergunte a si mesmo: se o X fosse inventado na sua forma atual hoje, você se inscreveria?”, questionava retoricamente Katie Martin em sua despedida da plataforma.

Ernesto Hinojosa, um dos tuiteiros mais populares da história da rede social na Espanha, que deixou a rede pouco depois da conversão do Twitter em X, detalha essa apoteose do narcisismo que terminou, se não com a história comercial da rede social, pelo menos com a impressão anterior de que era um terreno neutro: “Musk é o que você obtém quando junta uma crise de meia-idade com duzentos bilhões de dólares. Alguns compram um conversível; ele comprou uma rede social. E o problema é que, precisamente, ficar tanto tempo viciado no Twitter fez com que muita gente, que até então só conhecia a versão que a imprensa criou do sul-africano, uma espécie de Tony Stark da vida real, visse sua verdadeira personalidade de menino mimado com muito dinheiro. E isso para Musk, que está obcecado com seu legado, não caiu bem, precisamente, e fiel ao que faz toda essa gente, culpou o ‘woke’, e como os únicos que riem das suas graças são os nazistas e os trolls da extrema direita, agora temos a rede social no estado em que está.”

Um episódio biográfico — a transição de gênero de sua filha — é o marco biográfico ao qual Musk se refere para explicar sua conversão no principal agente da extrema direita contra o que ele chama de “o vírus woke”. No entanto, uma série de artigos de Émile P. Torres no site americano Salon forneceu um pouco mais de contexto e profundidade à ideologia elitista do sul-africano, alinhada a uma corrente chamada longtermismo (ou “longoprazismo”), que propõe uma solução eugênica e malthusiana de redução da população humana e sua substituição por outro tipo de sapiens “melhorados” pela inteligência artificial.

O autor desses artigos define o longtermismo, pelo qual Musk mostrou publicamente seu interesse, como “uma cosmovisão quase religiosa, influenciada pelo transumanismo e pela ética utilitarista, que afirma que poderia haver tantas pessoas digitais vivendo em vastas simulações computacionais milhões ou bilhões de anos no futuro que uma de nossas obrigações morais mais importantes hoje é tomar medidas que assegurem a maior quantidade possível dessas pessoas digitais”. O filósofo sueco Nick Bostrom, defende Torres, é o personagem-chave para entender o que há além da parafernália antiwoke pop e simplista com a qual o dono da X se mascara: “Musk quer colonizar o espaço o mais rápido possível, assim como Bostrom. Musk quer criar implantes cerebrais para melhorar nossa inteligência, assim como Bostrom. Musk parece estar preocupado com o fato de que as pessoas menos ‘intelectualmente dotadas’ tenham muitos filhos, assim como Bostrom. E Musk está preocupado com os riscos existenciais das máquinas superinteligentes, assim como Bostrom. (…) As decisões e ações de Elon Musk ao longo dos anos fazem mais sentido se o considerarmos um bostromiano de longo prazo. Fora desse quadro fanático e tecnocrático, elas fazem muito menos sentido.”

 

De Twitter a X: o establishment se revolta

 

“As estratégias politicamente corretas da ‘sociedade civil’ são todas bem-intencionadas e estão relacionadas a temas importantes, mas parecem estar avançando em direção a um universo paralelo, incapaz de responder ao design de memes cínicos que estão rapidamente ocupando posições-chave de poder”, escreveu Geert Lovink pouco antes da tomada de um espaço político crucial como o Twitter por Musk. Desde então, o algoritmo da rede social que, na última década, concentrou as comunicações sociais de presidentes, ministros, representantes institucionais e um grande número de pessoas de interesse, tem tendido a favorecer a cultura do meme e a ideologia troll em maior medida do que fazia até o outono de 2022.

O próprio Musk deu vários exemplos desse modo de funcionamento. Apesar de que os membros do novo governo trabalhista do Reino Unido foram tímidos em sua resposta à intervenção direta de Musk no conflito provocado pelos pogroms racistas nas ilhas, Musk também não hesitou em desafiar o próprio Keir Starmer, primeiro-ministro, e em divulgar (e apagar) notícias falsas relativas à migração. Starmer e seu gabinete foram alvo das chacotas e impropérios do hiperativo magnata.

Quando, em 12 de agosto, o Comissário Europeu de Mercado Interno Thierry Breton escreveu uma carta ao dono da X na qual, envolvida na retórica perfumada e burocrática dos centros de governança, o advertia sobre a “diligência devida” que obriga a X a moderar os conteúdos da plataforma, Musk voltou a se descontrolar como alguém que se acha muito engraçado. O tema parece sério do ponto de vista econômico — as multas podem alcançar 6% das receitas da X —, mas o milionário de Pretória respondeu com uma imagem tirada do filme Tropic Thunder e a mensagem “dê um passo atrás e vá se foder”. Simultaneamente, seus seguidores fervorosos lançaram seus memes e advertências diante do “ataque à liberdade de expressão” e do “autoritarismo” da Comissão Europeia. Esse argumento e a distorção entre o quadro americano — estabelecido pela Primeira Emenda — e o quadro europeu, mais garantista, geraram, em parte, a crise entre Musk e as instituições.

Breton se referia à Digital Services Act (DSA), uma diretiva — sem equivalentes no Reino Unido ou nos Estados Unidos — de proteção dos direitos fundamentais, que a X pode ter violado por ocasião da entrevista entre Musk e Trump. Um parecer preliminar emitido em julho indica que a X pode ter infringido a DSA ao atribuir o selo azul de conta verificada a contas falsas. Esta não é a única investigação pendente por parte da Comissão Europeia.

Até o momento, as iniciativas europeias para punir Musk pelo desenvolvimento dessas práticas de incitação ao ódio foram realizadas apenas por pessoas sem poder efetivo. No Brasil, foi diferente: o juiz Alexandre de Moraes iniciou uma ofensiva judicial contra a desinformação em que requereu o fechamento e controle de várias contas associadas à extrema direita — de políticos, blogueiros e influenciadores — relacionadas à tentativa de assalto ao Congresso brasileiro em janeiro de 2023, após a derrota de Jair Bolsonaro e a vitória eleitoral de Lula Da Silva.

Amparado no fato de que a lei brasileira permite bloquear conteúdo para proteger as instituições do país, Moraes iniciou uma investigação contra Musk, acusando-o de obstrução à justiça. Além de seu repertório habitual de “piadas” e denúncias de “censura” na rede que dirige, Musk respondeu nesta mesma semana fechando os escritórios da X no país latino-americano. A conta oficial da X para assuntos governamentais acrescentou pressão sobre o magistrado com uma mensagem ameaçadora: “O povo do Brasil tem que tomar uma decisão, a democracia ou Alexandre de Moraes”.

 

A UE evita a confrontação direta

 

Na União Europeia, no entanto, e apesar do crescente número de críticas, o poder de Musk parece estar protegido. Bruce Daisley, ex-vice-presidente do Twitter para a Europa no The Guardian, a assessora da Comissão Europeia Marietje Schaake no Financial Times e um editorial de El País instaram a não deixar passar as ações do bilionário, mas nenhum governante optou por uma confrontação direta. Schaake, contudo, apontou um dos pontos fracos menos explorados na crítica dessa indústria social: o fechamento da torneira do dinheiro público: “Alguns líderes corporativos se tornaram tão poderosos que acreditam que podem manipular os processos democráticos ou evitá-los completamente. Em vez de ceder, como fazem com demasiada frequência os líderes políticos, as empresas deveriam pagar um preço pela agressão e, em última instância, poderiam perder contratos ou outros acessos lucrativos aos governos (que continuam sendo os que mais gastam em tecnologia da informação).”

Dentro dos partidos do extremo centro, o mais claro foi Sandro Gozi, político italiano envolvido no La République en Marche, o partido de Emmanuel Macron: “Se Elon Musk não cumprir as regras europeias sobre serviços digitais, a Comissão Europeia pedirá aos operadores continentais que bloqueiem o X ou, no caso mais extremo, os obrigará a desmantelar completamente a plataforma no território da União”, afirmou. O primeiro a sair em defesa de Musk foi outro conhecido “jokester” da extrema-direita, o ex-ministro italiano Matteo Salvini (Lega).

O fato é que na Comissão Europeia ainda não se considera a expulsão do X do ecossistema de informação, não houve um êxodo de políticos, e parece improvável que Musk decida romper com o mercado europeu, já que, por menos rentável que seja economicamente, é fundamental no nível político. No caso da Espanha, a disseminação de informações falsas sobre o crime de Mocejón não resultou em nenhum questionamento do meio (X), e apenas foi iniciado um processo contra o “anonimato” nas redes sociais.

 

Para Musk, trata-se também de dinheiro

 

No perfil que Marco D’Eramo fez de Musk para a Sidecar em junho de 2022, o jornalista italiano forneceu a chave para o sucesso empresarial do sul-africano. Além de sua imagem de excêntrico e visionário, D’Eramo observou como a valorização das empresas de Musk, “assim como as estimativas aleatórias de sua riqueza pessoal, sempre se basearam na promessa de expansões futuras e de realizações iminentes”. Essa fórmula tinha e ainda tem um cliente principal: o próprio governo dos Estados Unidos. Apesar das toneladas de conversa lançadas pelos centros de poder do Vale do Silício contra os Estados-nação, o fato é que, sem o apoio destes, não se compreende o crescimento da Tesla, a principal empresa do império Musk, nem de seus outros projetos, como a aeroespacial SpaceX, OpenAI (inteligência artificial) e Neuralink (neurotecnologia).

“As empresas de Elon Musk receberam bilhões de dólares em subsídios governamentais durante as últimas duas décadas”, resumiu o Business Insider em 2021. Uma investigação do Los Angeles Times de 2015 estimou que, até aquele ano, as empresas de Musk haviam se beneficiado de um apoio governamental estimado em 4,9 bilhões de dólares. O artigo do Business Insider acrescentou novos números: 2,89 bilhões de dólares para a SpaceX provenientes da NASA, outros 653 milhões em um contrato com a Força Aérea dos EUA, e uma porção não divulgada da astronômica cifra de 600 bilhões de dólares que o governo federal colocou sobre a mesa para as empresas durante a pandemia.

Assim, o interesse de Musk na campanha de Donald Trump obedece a algo mais do que simpatia pessoal. O artigo de Derek Seidman detalha como o dono da Tesla mudou suas afinidades partidárias anteriores, que correspondiam à atitude da maioria dos bilionários, que doam dinheiro tanto para Democratas quanto para Republicanos — embora não na mesma quantidade — na expectativa de políticas públicas que reforcem suas posições ou abram novas vias de acumulação. Segundo seu próprio testemunho, Musk votou nos Democratas no passado, inclusive em Biden em 2020, mas a aliança com Trump se consolidou à medida que crescia seu discurso antiwoke.

Em julho, o empresário prometeu doar 45 milhões de dólares por mês para a campanha de Trump dentro de um Comitê de Ação Política (PAC, grupo de interesse regulamentado para financiamento), no qual participam outros magnatas da economia digital, como o cofundador da Palantir, Joe Lonsdale, e os gêmeos Winklevoss, conhecidos por seu papel na fundação do Facebook e impulsionadores da criptomoeda Gemini.

O empenho não é altruísta. O setor do Vale do Silício, liderado por Musk, e também o empresariado que não rompeu com a candidatura de Kamala Harris, esperam que o novo governo entregue a cabeça de Lina Khan, presidente da Comissão Federal de Comércio, uma “opositora tenaz das fusões e aquisições que prejudicam consumidores e trabalhadores” e “a primeira defensora real das leis antitruste que os Estados Unidos tiveram em anos”, segundo o comentarista político Jim Hightower.

Pode parecer uma grande tolice falar dos problemas econômicos de uma pessoa com uma fortuna de 221 bilhões de dólares, mas a acumulação de perdas é, pelo menos, relevante. Tesla, a principal empresa do império Musk, enfrenta uma redução de sua participação de mercado a cada ano. Em 2024, a empresa controla 12% do mercado, enquanto há cinco anos participava com 17,5%. Suas vendas diminuem e o preço de suas ações caiu 10% no que vai do ano.

Se a Tesla parece em declínio, o diagnóstico para o X é pior. Desde sua compra e, em grande medida, após a mudança de nome — um desastre em termos de valor de marca — a empresa está à deriva e passou de valer 44 bilhões, que foi o que Musk pagou, para ser estimada em menos de 20 bilhões. Esta mesma semana, o The Wall Street Journal publicou uma informação que teve repercussão mundial. O título, “Os 13 bilhões de dólares que Elon Musk tomou emprestados para comprar o Twitter se tornaram o pior acordo de financiamento de fusões para os bancos desde a crise financeira de 2008-2009”, apontava para um lugar já conhecido: o X perdeu metade de seu valor desde a chegada de Musk e os investidores oscilam entre o respeito que se tem ao criador da Tesla como alguém capaz de imaginar expansões econômicas futuras e a crescente consciência de que se trata de um indivíduo tóxico para os anunciantes.

A rede social viu seu crescimento de usuários estagnar e, embora sua concorrência não tenha conseguido se aproximar de seus números, os estudos indicam que, nos últimos processos eleitorais, também perdeu influência em relação às eleições anteriores. Com lucros anuais que giram em torno de 160 milhões de dólares e um serviço da dívida que acarreta desembolsos de 1,5 bilhão anuais, segundo declarou o próprio Musk, o panorama financeiro é crítico, especialmente porque, desde o nascimento do X, as grandes corporações têm dado as costas ao investimento publicitário nesta rede.

Musk primeiro os chamou de idiotas, depois tentou recuperá-los entoando um mea culpa e posteriormente os acusou de conspirar contra ele. Neste mês, sua plataforma entrou com uma ação judicial contra anunciantes como Unilever e Mars, assim como contra uma agência de marketing pelo que entende ser um acordo de “boicote ilegal” à sua plataforma. Um agente de publicidade citado pelo City AM expressou com crueza as razões dos anunciantes para desinvestir no X: “Os grandes vendedores se foram, o sistema de verificação é um desastre, metade dos seus seguidores agora são sexbots, as pessoas mais interessantes se mudaram para outro lugar, as pessoas que ainda estão lá postam menos e sua linha do tempo é apenas um fluxo interminável de miséria. Como se pode defender a publicidade em uma plataforma assim?”

“Ninguém sabe por quanto tempo mais o X poderá sobreviver, já que a empresa não publica seus resultados financeiros. Mas, em novembro, o próprio Musk admitiu que o X poderia enfrentar a falência devido ao boicote publicitário”, apontava esta semana a revista Fortune. O mesmo artigo indica que, embora o buraco seja relativamente pequeno em relação à sua fortuna, para o dono da Tesla a única opção é continuar vendendo participações da montadora, já que o resto de seus projetos (SpaceX ou Neuralink) continuam funcionando com base na nunca totalmente realizada “promessa de expansões futuras e de realizações iminentes”.

 

O poder político e os jornalistas continuam sustentando o X

 

No entanto, os principais críticos de Musk não deixam de omitir um fato fundamental: sua importância é mais política do que econômica. “Musk não comprou o X para fazer negócios, mas para ganhar influência”, resume Marta G. Franco. “É o que sempre aconteceu com meios de comunicação deficitários sustentados por empresários. O que pode acabar com o X não é, portanto, a perda de receita, mas a perda de relevância política: que os políticos deixem de usá-lo como o primeiro lugar onde publicam suas declarações, que os grandes meios de comunicação deixem de se esforçar para ter visibilidade ali, que os influenciadores do X tenham menos alcance do que os de outras plataformas.”

Em dezembro de 2020, Ernesto Hinojosa parou de usar o Twitter. Sua conta, Shine Mcshine, tem 165.000 seguidores e não se move desde então. “Não era apenas o número de seguidores, é que eu estava naquela rede social praticamente desde o início. Eu a vi crescer, se transformar, tornar-se de fato a praça pública da internet”, resume alguém que, provavelmente a seu pesar, se encaixa na etiqueta de influenciador. Hoje, Hinojosa publica no Mastodon, uma rede na qual tem “somente” 22.000 seguidores. “O que me fez sair foi a deriva que a plataforma tomou após a aquisição de Musk. Sinceramente, eu tinha a sensação de que, ao permanecer lá, estava sendo cúmplice da transformação dela em um lugar projetado para amplificar as opiniões que mais detestava. E agora, quando por curiosidade volto a dar uma olhada lá, vejo que o tempo me deu razão”, aponta.

Embora a saída do X represente pouco mais do que um microgesto individual, e que a soma desses gestos até agora não tenha tocado a estrutura da plataforma, os esforços e apelos para mudar de rede social ocorrem com cada vez mais frequência. Após os eventos no Reino Unido, a plataforma Bluesky viu um aumento de 60% na atividade nas contas daquele país e a empresa reportou a entrada de políticos na rede social.

Threads, a concorrência criada pelo Meta (Facebook), Bluesky e Mastodon estão em uma competição para se tornar, primeiramente, uma espécie de bote salva-vidas para as milhares de pessoas que saltam do antigo Twitter toda semana e, depois, veremos o que acontece. O fluxo de saídas do X é contínuo, mas a tensão dos usuários é significativa: abandonar o X pode significar “ficar fora da conversa pública”, algo que não afeta apenas os políticos.

Uma usuária do Mastodon refletia sobre as consequências individuais de uma mudança de plataforma: “Deixar o Twitter e vir para o Mastodon é um salto no escuro, é assim que é. No caminho, você vai perder muitos contatos e amigos que fez nos últimos anos, vai mudar rotinas por algo que não sabe o que é. Se além disso você tem muitos seguidores e/ou de algum modo faz parte do seu trabalho (jornalistas, artistas, artesãos etc.), pode até significar uma perda econômica, de clientes…”, dizia, antes de deixar uma pequena alfinetada: “É normal que você não se atreva a dar esse salto, mas não me venda isso como algum tipo de ativismo, Mari Pili.”

Hinojosa também prefere ser cauteloso ao considerar o atual momento de críticas como o início de uma derrota definitiva do magnata sul-africano: “Eu teria muito cuidado em assinar o atestado de óbito do X tão cedo; não só Musk tem tanto dinheiro quanto para financiar de seu próprio bolso seu brinquedo indefinidamente, como enquanto os políticos e as personalidades públicas não abandonarem aquela rede social, os jornalistas também não o farão, e, como consequência, continuará tendo importância no dia a dia da internet.”

Essa parece ser a chave e o ponto fraco que, pelo menos até que em novembro aconteçam as eleições presidenciais nos Estados Unidos, pode manter o X em funcionamento. O “jardim murado” que era o Twitter sob a administração de Jack Dorsey se transformou em um terreno baldio superpovoado, hierarquizado e dominado pela extrema direita sob a administração de Musk, mas a linguagem burocrática da Comissão Europeia continuará colidindo repetidamente com a lógica do trolling estabelecida como norma no meio de comunicação mais influente do século XXI. “O elo crítico são, como eu disse, os políticos”, indica Hinojosa, “enquanto personalidades como o presidente do governo continuarem usando a plataforma para seus anúncios públicos, ela terá apelo por um bom tempo. Mesmo que esteja cheia de bots e nazistas, como é o caso.”

Marta G. Franco vê, no curto prazo, uma pequena fissura que pode acelerar a crise do antigo Twitter: “Acredito que o declínio do X vai andar paralelo à intensidade com que Musk se empenhar em colocá-lo a serviço da campanha de Trump. Se ele exagerar, os Democratas vão embora. A dúvida é se simplesmente se mudarão para o Meta [Threads] ou se começarão a levar o problema mais a sério e diversificarão plataformas. Acho que eles não são tão tolos e será mais a segunda opção.”

A capacidade de repercussão política do que se passa nos Estados Unidos é, assim, uma das chaves que podem afetar o futuro imediato da indústria social, tanto no caso do X quanto no de seus rivais, os corporativos — mesmo os de código aberto como o Bluesky — e os cooperativos — Mastodon. Na União Europeia, o desenvolvimento de uma diretiva de serviços digitais ou, no caso da Espanha, a de uma Lei de Imprensa pouco avançada, podem mitigar os aspectos mais lesivos da cultura troll impulsionada pela direção do X, mas o principal problema continua sendo a acumulação de poder em um único indivíduo. Um fato que só piora se esse indivíduo acredita, entre outras coisas, que a espécie humana deve dar lugar a máquinas superinteligentes, como no passado os búfalos deram lugar aos pistoleiros.

Decisão histórica de Alexandre de Moraes de bloqueio do X no Brasil tem ampla repercussão internacional

 

 

A plataforma X foi bloqueada no Brasil após ter ignorado ordens judiciais do STF, uma situação semelhante ao que já ocorreu com o Telegram no passado. A decisão foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira (30/08/2024).

Em 17 de agosto, a rede X fechou seu escritório no Brasil e demitiu funcionários, embora a mídia social tenha permanecido no ar. Visando garantir o pagamento das multas aplicadas pela Justiça brasileira contra a rede X, o Ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de contas bancárias da Starlink a rede de satélites de Elon Musk, operada por meio da Space X, que faz parte do mesmo “grupo econômico de fato” sob comando do empresário Elon Musk e mandou bloquear todos os valores financeiros do grupo.

Hoje, a Starlink tem cerca de 50% dos serviços de internet via satélite no Brasil, com uma base de 215 mil clientes, incluindo Forças Armadas e escolas públicas. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Telecomunicações por Satélites (Sindisat), Fabio Alencar, avalia que um bloqueio de contas bancárias prolongado pode impactar os serviços da Starlink no Brasil. Os fornecedores poderiam parar de prestar os serviços contratados, como a própria operação dos gateways que são estruturas físicas com a tecnologia necessária para os usuários que navegam com a internet dos satélites.

No dia 28 de agosto, Moraes havia intimado o bilionário Elon Musk, dono do X desde outubro de 2022, a indicar um representante legal no Brasil no prazo de 24 horas. No caso de descumprimento, a rede social seria suspensa no país.

Na decisão pela suspensão, Moraes argumentou que Musk e sua rede social estariam incentivando, com sua postura, discursos extremistas e antidemocráticos. Além disso, estariam obstruindo a Justiça ao não seguir determinações judiciais como bloqueio de contas e ao deixar de apontar um representante legal no país. O ministro do STF determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tome as providências para o bloqueio da rede, o que o órgao disse já estar em curso. O texto fixa ainda um prazo de até cinco dias para que todos os envolvidos na operação, incluindo empresas de telefonia e servidores, cumpram com o bloqueio da plataforma. As empresas de telefonia Vivo, Claro, Tim e Oi foram notificadas para cumprimento da decisão. Google e Apple, responsáveis pelas lojas de aplicativos Playstore e App Store, também receberam ofícios para remover o app.

“A flagrante conduta de obstrução à Justiça brasileira, a incitação ao crime, a ameaça pública de desobediência às ordens judiciais e de futura ausência de cooperação da plataforma são fatos que desrespeitaram a soberania do Brasil e reforçam à conexão da dolosa instrumentalização criminosa das redes sociais”, aponta a decisão. Elon Musk confunde liberdade de expressão com liberdade de agressão, confunde deliberadamente censura com proibição constitucional ao discurso de ódio e de incitação a atos antidemocráticos”, disse o despacho assinado pelo magistrado.

Os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram no dia 2/09 por 5 x 0 manter suspensão da rede social X no Brasil, confirmando a ordem de Alexandre de Moraes.

O conflito entre o STF, o bilionário Elon Musk e a rede X tiveram início pouco depois de 8 de janeiro de 2023, quando uma multidão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), invadiu o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e STF em uma tentativa de deflagração de um golpe de estado para derrubar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Depois disso, o STF intensificou as investigações sobre a disseminação de conteúdos falsos e o possível financiamento de grupos que ameaçam a democracia brasileira.

O ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que apuram a disseminação de fake news, milícias digitais e atos golpistas, ordenou o bloqueio de diversos perfis em redes sociais administrados por usuários acusados de atentar contra a democracia brasileira e o processo eleitoral.

“No Brasil, a liberdade de expressão tem limites. A legislação proíbe, por exemplo, defender ideologias nazistas ou racistas, incentivar golpe de Estado, incentivar a animosidade entre as Forças Armadas e outras instituições, fazer apologia a crimes ou ameaçar pessoas.

O embate entre Elon Musk e o STF do Brasil é mais do que uma simples disputa legal; é um confronto que coloca em jogo o futuro da governança digital e os limites do poder das grandes empresas de tecnologia. Musk, ao desafiar abertamente as leis e as instituições democráticas, tanto no Brasil quanto na Europa, está forçando governos a reconsiderar como lidar com as plataformas digitais que, em nome de uma falsa interpretação do conceito de “liberdade de expressão”, promovem desinformação, incitação ao ódio e até mesmo golpes de Estado.

O caso brasileiro, em particular, pode se tornar um marco na luta global por uma internet mais segura e responsável, onde a liberdade de expressão não seja usada como pretexto para a promoção de interesses privados em detrimento do bem comum”. Avalia o jornalista Ivan Longo na Revista Fórum.

 

Mídia internacional apoia Moraes e critica Musk após bloqueio do X no Brasil

 

Mas será que o X é tão popular assim em território nacional?

Segundo o DataReportal, o Brasil é o sexto país com mais perfis na rede social de Elon Musk, com 22,1 milhões de usuários – cerca de 2 milhões a menos do que em 2023 – representando 6% do total de contas na plataforma. O Brasil fica atrás de Indonésia, Reino Unido, Índia, Japão e Estados Unidos, país campeão com mais de 105 milhões de usuários. O aplicativo X está presente em 29% dos smartphones brasileiros, ficando em sexto lugar em termos de popularidade entre as redes sociais no país. Outras redes sociais, como Instagram, Facebook e TikTok, são mais populares que o X no Brasil. O Instagram, por exemplo, está presente em 91% dos smartphones brasileiros. Apesar de não liderar em popularidade, o X tem grande influência no debate público no Brasil, sendo uma plataforma ativa para jornalistas, políticos, acadêmicos e influenciadores.

 

As alternativas ao X após bloqueio da plataforma

Os aplicativos Bluesky, Threads e Mastodon despontam como os principais rivais do X, antiga rede social Twitter. O Supremo Tribunal Federal (STF) criou um perfil oficial no Bluesky para reservar o domínio, mas não há previsão do início de uso da conta na rede. Políticos, como o presidente Lula, e outras autoridades anunciaram suas contas em duas novas plataformas: a Bluesky e o Threads, da Meta.

Mastodon

A rede social foi criada em 2016 e é gratuita, sem publicidade e de código aberto – ou seja, pode ser aprimorada pelos próprios usuários ou desenvolvedores externos. As publicações, chamadas de toots, são limitadas a 500 caracteres cada. Assim como no Twitter, é possível publicar fotos, vídeos ou até arquivos de áudio e subir hashtags.

Com a mensagem “redes sociais que não estão à venda”, a página inicial da plataforma deixa claro o posicionamento da rede social, que diz que o “feed” dos usuários deve ser preenchido com o que é mais importante para eles, “e não com o que uma empresa acha que você deveria ver”

 

Bluesky

Em desenvolvimento desde 2019 pelo cofundador do Twitter, Jack Dorsey, a plataforma possibilita publicações em texto, com no máximo 256 caracteres, e em imagens. Também é possível excluir os próprios posts e curtir, comentar e repostar as publicações de outros usuários.

Diferentemente do Twitter, no Bluesky não é possível publicar vídeos e áudios, e não há mensagens privadas entre usuários. A rede social, assim como o Mastodon, também tem código aberto e é descentralizada.

 

Threads

O Threads surgiu em julho do ano passado para ser a rede de microblogs da Meta, que também comanda aplicativos como Instagram, WhatsApp e Facebook. A criação veio após uma série de mudanças no X que não agradou aos usuários, após Musk comprar a plataforma, que passou a ter ferramentas exclusivas para assinantes.

Para utilizar a plataforma é necessário que o usuário tenha um perfil no Instagram e baixe o aplicativo próprio, que já tem mais de 265 milhões de downloads. Os usuários podem fazer publicações de até 500 caracteres, publicar fotos e vídeos e compartilhar conteúdos de amigos.

 

[Imagem: Divulgação Bluesky]

Bluesky: veja como funciona o aplicativo do principal rival do Twitter

Após a suspensão do X em todo o Brasil pelo STF, a Bluesky, ganha espaço como nova rede social. A plataforma anunciou que ganhou mais de 2 milhões de novos usuários somente na última semana, e brincou no seu perfil oficial na rede que agora é “um aplicativo brasileiro”. Entre sexta e sábado, o português (73,7%) chegou a superar o inglês (16,5%) entre as línguas mais usadas para publicar mensagens no Bluesky, com sede nos Estados Unidos.

O Brasil virou o país com maior quantidade de usuários na plataforma, seguido por Japão e Estados Unidos. Ao todo, são 8 milhões de perfis do mundo todo. A rede não informa quantos de cada país. O perfil oficial da plataforma passou a postar seus conteúdos simultaneamente em inglês e português.

O Bluesky foi lançado em 2022 e só liberou o cadastro público, sem exigência de convite, no início deste ano. Financiada por Jack Dorsey, cofundador do Twitter, a Bluesky também é vista como uma alternativa ao Threads, da Meta. Hoje, segundo o site da Bluesky, seus donos são a CEO Jay Grabber e o time da companhia.

A Bluesky adota um feed com uma linha do tempo cronológica. As postagens na plataforma são denominadas “skeets” e têm um limite de 300 caracteres. O diferencial do Bluesky em relação a outras redes populares no Brasil é sua construção no AT Protocol. Trata-se de uma linguagem de comunicação de código aberto que proporciona maior transparência para os usuários e permite que desenvolvedores criem seus próprios algoritmos e códigos, com a qual é possível acessar a rede Atmosphere de diferentes aplicativos. O objetivo é ter uma comunicação fora do controle das big techs, operada pelos próprios usuários. Caso os usuários decidam sair do Bluesky — como os brasileiros foram forçados a fazer com o Twitter — poderão reencontrar seus perfis e suas conexões em outra plataforma.

Na rede também é possível compartilhar, fotos, textos e republicar postagens de outros usuários. Embora ofereça funções semelhantes às dos concorrentes, suas funcionalidades são mais simples em comparação com o X e o Threads.

Após o bloqueio, o antigo Twitter começou a saiu do ar no Brasil de forma gradual e, na tarde de sábado (31), a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) informou que já havia comunicado a decisão a todos os provedores de internet grandes, médios e pequenos. Contudo, a Starlink de Elon Musk informou a Anatel que não cumprirá a resolução de bloqueio da rede X para seus usuários. Novas providências serão adotadas para que a decisão judicial seja obedecida pela empresa.

 

Fonte: Agências de notícias | Edição: Valdisio Fernandes, Instituto Búzios.

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