Nenhum autoritarismo se instala ou se mantém sem a cumplicidade da maioria. É o que a história nos ensina. Não haveria nazismo sem a conivência da maioria dos alemães, os ditos “cidadãos comuns”, nem a ditadura militar no Brasil teria durado tanto sem a conivência da maioria dos brasileiros, os ditos “cidadãos de bem”. O mesmo vale para cada grande tragédia em diferentes realidades. Os déspotas não são alimentados apenas pelo silêncio estrondoso de muitos, mas também pela pequena colaboração dos tantos que encontram maneiras de tirar vantagem da situação. Em tempos de autoritarismo, nenhum silêncio é inocente —e toda omissão é ação. Esta é a escolha posta para os brasileiros em 2020. Diante do avanço autoritário liderado pelo antidemocrata de ultradireita Jair Bolsonaro, que está corroendo a justiça, destruindo a Amazônia, estimulando o assassinato de ativistas e roubando o futuro das novas gerações, cada um terá que se haver consigo mesmo e escolher seu caminho. 2020 é o ano em que saberemos quem somos —e quem é cada um. Leia o artigo na íntegra. Fonte: El País.

Marca da campanha “21 Dias de Ativismo Contra o Racismo”: uma expressão do design afirmativo

Por Sandro Lopes dos Santos e Vera Lúcia Nojima – O Artigo apresenta a Campanha “21 dias de ativismo contra o racismo”, que iniciou em 2017, destaca a relação de seus participantes com os valores da proposta através de sua marca. Mostra a dinâmica de organização da ação social, através das redes sociais e a força de um design construído na luta, resultado dos conhecimentos dos movimentos negros e baseados em uma cosmovisão afro-brasileira, africana e da diáspora negra, no qual chamamos de Design afirmativo. O texto trabalha com os conceitos de movimentos sociais em rede apresentado pelo teórico da comunicação Manuel Castells e de identidade do sociólogo Stuart Hall. Ao longo do Século XX, o movimento negro brasileiro apresenta-se organizado, como uma iniciativa social que tem na sua essência a luta pela igualdade racial. Na sua versão contemporânea, iniciada na década de 70, há uma intensificação da luta contra o racismo em prol de melhores condições de vida da população negra no país. Sua diversidade se deve, como a antropóloga Lélia Gonzalez diz, a partir de suas variantes históricas e das diversas respostas pelos coletivos negros às questões colocadas pelo poder. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Revista da ABPN, v. 11, Ed. Especial, dezembro de 2019.

Dossiê teoria crítica racial e justiça racial

Nova edição da Revista Liberdades traz um Dossiê sobre justiça racial e teoria crítica racial, e foi desenvolvido em parceria entre o IBCCRIM – Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e a ABPN – Associação Brasileira de Pesquisadores (as) Negros (as). Ela é composta por nove artigos e duas entrevistas, com abordagens diversas da justiça racial e da teoria crítica racial, bem como o estado da arte dos debates sobre o tema no Brasil. A revista, assim, cumpre sua missão de ampliar o horizonte de discussões das ciências criminais por meio do pensamento crítico e de uma perspectiva interseccional entre os diversos saberes. Leia a publicação. Zelinda Barros | Fonte: Revista Liberdades, Edição nº 28, 2019.

Diversidade cultural nas políticas públicas: uma análise das Leis 10.639/03 e 11.645/08

Por Marcos Antonio Batista da Silva, Maria Sílvia Ribeiro – O objetivo a que este artigo se propõe consiste em discutir políticas públicas educacionais, em particular, as Leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08 as quais são frutos de lutas antigas dos movimentos sociais, principalmente do Movimento Negro.  São apresentados o contexto sócio-histórico e político acerca da emergência das referidas leis e, na oportunidade, um panorama do tratamento dado pelo poder público à questão racial. Empreende uma discussão sobre ações afirmativas e políticas educacionais, no que se refere à análise dessas duas leis. Considera-se que a implementação dessas duas leis significou estabelecer novas diretrizes e práticas pedagógicas, reconhecendo a importância e a contribuição das populações negra e indígena no processo de formação da sociedade brasileira. Nesse sentido, as Leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08 devem ser encaradas como parte fundamental do conjunto de políticas que visam uma educação igualitária e de qualidade. Embora o debate sobre o objeto deste estudo tenha se configurado no bojo daquele das políticas afirmativas e grande parte dos envolvidos na temática compreende essas leis como uma política de ação afirmativa, tendo em vista o tratamento dado às questões da população negra e indígena brasileiras, diante das definições aqui expostas, é possível considerar que as Leis 10.639/03 e 11.645/08 não configuram no campo das ações afirmativas, pois tratam de políticas de caráter permanente e não transitório; direcionadas não somente à população negra e indígena, mas à sociedade brasileira. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Revista Exitus, Santarém/PA, Vol. X, N° X, Edição Especial 2019.

Paraisópolis, a história de uma comunidade sitiada

O Sociólogo Tiaraju D’Andrea analisa formação do bairro: da ocupação por nordestinos ao boom de ONGs nos anos 90. A “regularização” como filão para empresas de saneamento e luz. As relações de exploração com Morumbi vizinho e a truculência da PM. O assassinato de nove jovens em Paraisópolis no dia primeiro de dezembro deste ano é resultado da confluência de quatro fatores recorrentes na região: “a histórica violência exercida pelos órgãos repressores do Estado brasileiro contra trabalhadores, negros e moradores de periferias e favelas; o aumento da tensão entre os órgãos repressores do Estado e a favela de Paraisópolis; a criminalização do funk; e o contexto de aumento do autoritarismo no país, que autoriza esse tipo de ação. Do ponto de vista do entorno rico, o maior problema a ser sanado sempre foi o da segurança. Qualquer assalto na Avenida Giovanni Gronchi fazia o entorno entrar em contato com os órgãos de repressão do Estado, pedindo intervenção na favela”. Leia a entrevista na íntegra. Fonte: Outras Palavras.

Resistência indígena em 2019: há o que celebrar

Por Angela Pappiani – Políticas anti-indigenistas avançaram, mas povos mostram força ao enfrentá-las. Lideranças foram premiadas no exterior. Comunidades fortaleceram agroecologia. Mulheres ocuparam Brasília. E floresceu vasta produção cultural. Dezembro, marcado no calendário como o final do que para nós, brancos ocidentais e cristãos, é o ano de 2019, veio carregado de sentimentos contraditórios: alívio, medo, alegrias, expectativas, esperança, indignação, apreensão. Cartões de Boas Festas e com votos para o próximo ano revelam o que cada grupo de brasileiros, cada ilha ou continente, viveu nos últimos 365 dias, dependendo de seu alinhamento ou alienamento político. Para os povos indígenas esse número tem o peso histórico de um sistema-pensamento que valoriza e crê no controle da natureza e submissão dos humanos, na transformação da paisagem, dos valores e sentimentos. Algumas das mais de 300 etnias que convivem com o Brasil hoje conhecem o poder do “povo da mercadoria” — como Davi Kopenawa Yanomami define “os brancos” – há 519 anos. Para os povos originários o ano da transformação, do fim de um mundo e começo de outro, do tempo linear, não é o do nascimento de Cristo mas o do encontro com o estrangeiro que ocupou seu território e mudou totalmente sua perspectiva de vida, justamente defendendo a cristianização, o salvamento de suas almas. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Combate Racismo Ambiental.

A hegemonia pentecostal no Brasil

Por Magali do Nascimento Cunha – A chegada ao país, em regiões remotas. O contato com a cultura popular, inclusive as religiões africanas. A invenção da Teologia da Prosperidade (os estudiosos da religião dizem que se trata de uma relação de troca com Deus, bem própria do clima social estabelecido pelo mercado neoliberal). A conquista das mídias de massa. O poder político. História sintética de uma investida reversível. Os pentecostais são cerca de 60% dos evangélicos, segundo o Censo de 2010), com presença geográfica importante, ocupação de espaço nas mídias tradicionais (rádio e TV) e intensa atuação na política partidária. dois fatos impulsionaram o poder pentecostal na política. Um deles foi a inusitada nomeação do deputado Marco Feliciano (hoje, Podemos-SP) como presidente da comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, em 2013. Ela culminou no revigoramento de campanhas por legislação pautada pela moralidade sexual religiosa, sob o rótulo “Defesa da Família Tradicional”, contra movimentos feministas e LGBTI, em aliança com a bancada católica. Essas pautas encontraram eco na população conservadora não religiosa e reforçaram movimentos reacionários às conquistas de direitos alcançadas nas últimas duas décadas. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Revista Cult.

O racismo religioso como tecnologia de destruição

Por Thiago Teixeira e Sidnei Barreto Nogueira – As discussões sobre o racismo tocam, de modo profundo, nas feridas de uma sociedade em que a cultura, a história e o imaginário se consolidaram em processos abruptos de destruição da dignidade, do corpo e da tradição da população negra. Trazer à tona um debate como esse é urgente, sobretudo numa realidade social que mascara sua história, em nome de uma suposta harmonia entre as raças contada a partir da romantização da miscigenação que, como sabemos, atendeu — enquanto projeto político —, aos interesses de exclusão e extermínio da população negra e de seus vestígios. Ao percebermos que as religiões de matrizes africanas e todas as pessoas que se vinculam a essa tradição, sofrem — direta ou indiretamente — marcações, exclusões e violências, fica difícil tratarmos da intolerância como se ela fosse um movimento de subjugamento do outro que ocorre de modo aleatório e que não possui, ao tratarmos das dinâmicas no Brasil, um sonar que é ativado no instante em que um atabaque é tocado, que as palmas se intensificam e que o xirê – conjunto de cantos e danças de origem africana – toma forma, pois todas essas expressões reverenciam divindades que lutam, que amam, que dançam e que se movimentam na direção do comum. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Revista Senso.

Analisando alternativas de luta à crise democrática na América Latina

“A dimensão da estabilidade e instabilidade na América Latina não é um problema, é um sintoma. O problema é a continuidade e a descontinuidade dos projetos populares. Desde a independência formal de nossos países, é assim. É preciso entender que existem limites muito curtos dentro da institucionalidade”, escrevem Anne Ledur, jornalista e especialista em comunicação visual na Itália, e Bruno Lima Rocha, pós-doutorando em economia política, doutor e mestre em ciência política e professor universitário nos cursos de relações internacionais, jornalismo e direito; graduado em jornalismo, editor do portal Estratégia & Análise. Na política latino-americana, a baboseira liberal não vale. A única certeza é a inconstância, a possibilidade de virada de mesa e a intervenção do imperialismo. Outro padrão é a condição recalcitrante de um republicanismo vazio. A ilusão é a força motriz da reprodução de padrões social-democratas da Europa em nossos países. Ilusões perigosas, governos de centro-esquerda fracos, ideologicamente frouxos e com síndrome de Estocolmo. No século XXI, a modalidade de derrubada de governos é outra. O modelo ultraliberal que deseja-se implementar no Brasil é o mesmo que colapsou o Chile. O jogo de interesses – balizado pelas instituições concretas e os sistemas de crenças – ficou muito mais visível no Brasil a partir de 2019, com o Governo Bolsonaro. Se há algum consenso das direitas pós-2015 ou pós segundo turno 2014, é a agenda ultraliberal do “Chicago Boy” Paulo Guedes, que foi referendada pelo Congresso. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Instituto Humanitas Unisinos.

A universidade dos gurus e a universidade das transgressões

Por Paulo Fernandes Silveira Em ‘Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade’, bell hooks parece indicar um caminho para evitarmos a universidade dos gurus. Os papéis social, cultural e político da universidade foram analisados por diversos filósofos, sociólogos e historiadores alemães, especialmente, nos anos que antecederam a Shoah. Nas primeiras décadas do séc. XX, com a ascensão do nazismo, um dos principais temas desse debate foi a expressiva adesão de estudantes secundaristas e universitários à juventude hitlerista (Hitlerjugend). Em Psicologia das massas, publicado em 1921, Freud destaca os dois grupos que dependem de um líder: a Igreja e o exército. Para o psicanalista, esses grupos são constituídos por “massas artificiais”, ou seja, essa forma de coesão precisa de uma coação externa para não diluir. Em suas pesquisas recentes, Walter Kohan nos convida a refletir sobre uma das últimas frases publicadas por Paulo Freire: “Ninguém é superior a ninguém”. Essa frase, afirma Kohan, sugere a importância da escuta atenta, verdadeira, e exige “uma disponibilidade permanente em relação ao outro”. A escuta atenta pressupõe que o professor esteja aberto e se interesse pelos pensamentos dos seus alunos. Com essa frase, Freire estaria enfatizando o princípio ético, político e epistemológico da sua pedagogia, uma pedagogia emancipadora. Leia o artigo na íntegra. Fonte: GGN.

Sartre, Fanon e a dialética da negritude: diálogos abertos e ainda pertinentes

Deivison Mendes Faustino – Neste artigo problematizo as influências do filósofo francês Jean Paul Sartre (1905-1980) para o pensamento do psiquiatra martinicano, ativista anticolonial Frantz Omar Fanon (1925-1961) bem como as aproximações e diferenças teóricas entre ambos diante de temas como colonialismo, violência, negritude e dialética. Inicio a discussão apresentando alguns referenciais teóricos que compuseram o pensamento fanoniano, destacando a importância do Marxismo e da Fenomenologia Existencialista em seu movimento de autorreflexão filosófica. Para além disso, relaciono estas matrizes teóricas à outras duas, de fundamentais importância à Fanon: a Psicanalise e Négritude. Posteriormente, problematizo a importância dada por Fanon ao desvelamento do “colonialismo” e as suas implicações para a singularidade e a universalidade humana, para em seguida, apresentar seus diálogos com Sartre a respeito da dialética. É de conhecimento comum para a fortuna crítica existencialista que o filósofo francês se posicionou em diversas ocasiões contra o colonialismo e o racismo, assim como, argumentou publicamente em favor do movimento de Négritude e das lutas pela independência dos territórios ocupados pela França colonial. Frantz Fanon estabeleceu diálogos vigorosos com alguns dos principais expoentes do existencialismo francês, entre os quais se destaca Sartre. Leia o artigo na íntegra. Eva Bahia | Fonte: kilombagem.

 

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MÍDIA NEGRA E FEMINISTA

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Periodicidade: Mensal

EDITOR

Valdisio Fernandes

EQUIPE

Aderaldo Gil, Allan Oliveira, Aline Alsan, Atillas Lopes, Ciro Fernandes, Enoque Matos, Eva Bahia, Guilherme Silva, Graça Terra Nova, Kenia Bandeira, Keu Sousa, Josy Andrade, Josy Azeviche, Lúcia Vasconcelos, Luciene Lacerda, Lucinea Gomes de Jesus, Luiz Felipe de Carvalho, Luiz Fernandes, Marcele do Valle, Marcos Mendes, Mariana Reis, Mônica Lins, Ricardo Oliveira, Ronaldo Oliveira, Silvanei Oliveira.

Colaboradores: Jonaire Mendonça e Erica Larusa

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