Entrevista: Alessandra Jungs de Almeida e Ana Carolina de Oliveira Costa | Por Davi Carlos Acácio
Libéria: o país nascido e pensado a partir dos anseios de uma empresa privada
“O Estado liberiano, ele é criado. Então cria-se no litoral uma capital. Cria-se uma estrutura de Estado. Deportam-se pessoas para aquele lugar com uma ideia de construir um Estado democrático aos moldes norte-americanos, desconsiderando, por exemplo, a diversidade cultural e de povos que já existia ali”, resume.
“Essa é uma ideia, além de ser muito essencialista, […] é uma ideia falha, porque ignora também o sentimento de pertencimento desses americanos-liberianos aos próprios Estados Unidos e sua própria luta por liberdade e direitos neste país”, diz a especialista.
Primeira república do continente africano?
“Foi em 1947 — daí a frase que se diz muito — que surge a República da Libéria, que é a primeira república independente do continente africano, mas em condições extremamente adversas. É extremamente paradoxal, digamos assim, o surgimento da Libéria como território independente, porque a independência se dá para quem? Se dá para essa elite de segundo escalão, vamos dizer assim, que são os americanos-liberianos. Então continua a tensão entre quem estava já no local, as comunidades nativas, as comunidades indígenas, e um governo centralizado colonial”, diz Jungs.