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Este livro é uma homenagem à história e à luta de Luiza Bairros (1953-2016), ativista do movimento de mulheres negras e antirracistas, pensadora e analista política, que, por sua potência, entrou definitivamente para a história das lutas contra o racismo no Brasil.

A socióloga Vanda Sá Barreto, que foi sua parceira, amiga, colega de trabalho e cúmplice, se propôs, aqui, a agregar olhares sobre temáticas tratadas por Luiza que não haviam sido ainda suficientemente difundidas, bem como a valorizar os caminhos que ela trilhou para se transformar de jovem militante do movimento negro em Ministra de Estado.

Luiza Helena de Bairros

Luiza Helena de Bairros nasceu no dia 27 de março de 1953 em Porto Alegre (RS), filha do militar Carlos Silveira de Bairros e da dona de casa Celina Maria de Bairros.

Em 1975, formou-se em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Especializou-se em 1979 em Planejamento Regional pela Universidade Federal do Ceará, fez mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e concluiu o doutorado em Sociologia pela Michigan State University no ano de 1997.

No início de 1979, participou da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Fortaleza. Impactada pela presença de inúmeros integrantes do Movimento Negro de várias regiões brasileiras, manteve um contato mais próximo com Movimento Negro Unificado (MNU) da Bahia.  Em agosto do mesmo ano, mudou-se para Salvador. A partir de então, iniciou sua militância no Grupo de Mulheres do MNU. Participou ativamente das principais iniciativas do movimento em todo Brasil, sendo eleita, em 1991, como primeira coordenadora nacional do MNU, onde permaneceu até 1994.

Até o início da década de 1990, Luiza esteve envolvida em pesquisas relevantes para o conhecimento e combate do racismo no Brasil e nas Américas, como por exemplo sua participação na coordenação da pesquisa do Projeto “Raça e Democracia nas Américas: Brasil e Estados Unidos. Uma cooperação entre CRH e a National Conference of Black Political Scientists/NCOBPS”. Além disso, trabalhou como professora na Universidade Católica de Salvador (PUC/ Salvador) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Pesquisadora na área de políticas públicas para população afro descendente, sempre trabalhou em prol da redefinição de novos caminhos para as mulheres negras, apresentando e sugerindo propostas em políticas voltadas para a igualdade racial e de gênero.

Entre 2001 e 2003, atuou no programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na preparação e acompanhamento da histórica III Conferência Mundial Contra o Racismo. Em 2001, fez importante pronunciamento em conferência das Nações Unidas, relativa à Declaração e ao Programa de Ação de Durban, realizada em Nova York.

De 2003 a 2005, trabalhou na pré-implementação do Programa de Combate ao Racismo Institucional para os Estados de Pernambuco e da Bahia junto ao Ministério do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional (DFID). De 2005 a 2007, voltou a ser consultora do PNUD, coordenando o programa de combate ao racismo institucional nas prefeituras do Recife e de Salvador. Em agosto de 2008, tomou posse como titular da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial da Bahia – Sepromi.

Em 2011, foi convidada pela presidente eleita Dima Roussef para ser ministra da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Seppir). Durante sua passagem pelo governo federal, entre 2011 e 2014, foi responsável por criar o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), cujo objetivo era implementar políticas públicas voltadas a proporcionar à população negra igualdade de oportunidades e instâncias de combate à discriminação e à intolerância. Gestão democrática, desconcentração e descentralização foram os princípios básicos do estatuto.

Em sua gestão, ocorreu a efetivação de muitas políticas de ações afirmativas. Uma delas, estabelecida pela Lei n° 12.711/2012, garantiu o acesso ao ensino superior a mais de 150 mil estudantes negros em todo o país por meio das cotas. No campo do trabalho, foi implementada a reserva de vagas em concursos públicos federais e, no segmento cultural, foram lançados editais de apoio a projetos de artistas negras e negros.

Em março de 2016, recebeu o Diploma Bertha Lutz, que premia anualmente mulheres e homens que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e questões do gênero no Brasil, em qualquer área de atuação. O prêmio é entregue em sessão do Senado exclusivamente convocada para esse fim, durante as atividades do Dia Internacional da Mulher (8 de março). Em 2011, já havia ganhado a medalha Zumbi dos Palmares, emitido pela Câmara Municipal de Salvador, e, em 2013, o título de Cidadã Baiana, concedido pela Assembleia Legislativa da Bahia.

Organizou vários livros e escreveu diversos artigos sobre racismo, sexismo e o negro no mercado de trabalho. Muitos de seus textos foram publicados pelas revistas Afro-Ásia, Análise & Dados, Caderno CRH, Estudos Feministas, Humanidades, e Força de Trabalho e Emprego, além de livros e periódicos das Nações Unidas no Brasil. Um de seus mais famosos artigos é “Nossos feminismos revisitados”, de 1995.

Luiza Bairros faleceu em Porto Alegre no dia 12 de julho de 2016, em decorrência de um câncer no pulmão.

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Fonte: Editora Autêntica | FGV/CPDOC.

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